A Câmara Municipal de Lisboa apresentou esta segunda-feira o Plano Geral de Drenagem 2016-2030, no qual está prevista a construção de dois túneis para atenuar os problemas das cheias na capital – um projecto "prioritário" para este executivo camarário.
Das infraestruturas previstas até 2030, a maior é o túnel entre Santa Apolónia, Santa Marta e Monsanto, com um diâmetro de cinco metros e uma extensão de cinco quilómetros. Este túnel vai desviar os caudais pluviais do caneiro de Alcântara e os caudais das bacias das avenidas da Liberdade, Duque de Loulé e Almirante Reis, evitando inundações na baixa pombalina.
Este funcionará como "uma grande barreira […], que desvia da zona baixa da cidade uma parte importante dos caudais de água que são os responsáveis pelas inundações mais severas", assinalou Fernando Medina na apresentação do plano.
O outro túnel ligará Chelas ao Beato e terá uma extensão de mil metros. Paralelamente, serão realizadas obras de desconexão de coletores na zona baixa de Xabregas.Será ainda feito um colector de reforço entre as avenidas de Berlim e Infante D. Henrique, com um diâmetro de 2,5 metros.
O presidente da autarquia, Fernando Medina, classificou este como o "projecto mais importante e estruturante das últimas décadas para o futuro da cidade de Lisboa", que visa "combater as inundações na cidade", diminuindo desta forma as consequências das cheias na vida das famílias e das empresas" que aqui operam.
De acordo com a Câmara de Lisboa, as obras nos túneis serão iniciadas em meados de 2016, estando concluídas no final de 2019. Já o colector de reforço começará a ser construído no início de 2017, devendo estar pronto em meados de 2018. Além destas, serão feitas outras intervenções, como o reforço dos colectores já existentes, a separação e controlo de caudais e a criação de reservas de armazenamento.
Em causa está um investimento de 169,174 milhões de euros, financiado por recursos da autarquia e também por fundos comunitários. Os túneis são os investimentos mais caros, na ordem dos 57 milhões de euros.
O coordenador do plano, José Saldanha Matos, explicou que esta solução garante "maior protecção de pessoas e bens" face ao primeiro plano de drenagem da cidade.
"As obras estruturantes que são concebidas já não são para períodos de retorno de 10 anos, são superiores. No caso dos túneis, são períodos de retorno de 25 a 50 anos", referiu o engenheiro, indicando que assim se evitam "obras e intervenções em zonas baixas e ocupadas".
Segundo Fernando Medina, a cidade estará a "beneficiar dos primeiros resultados [do plano] ao fim de quatro anos".
Em comparação com o plano anterior, o autarca apontou que esta resposta causa "menos danos e menos perturbação aos munícipes" durante as obras, "é mais eficiente do ponto de vista dos custos que comporta e é mais rápida" quanto aos resultados.
Ainda assim, ressalvou que "nenhum programa poderá eliminar por completo a ocorrência de cheias na cidade de Lisboa" devido à ocorrência de "fenómenos incontroláveis" como "chuvas de grande intensidade numa zona ribeirinha à hora da maré cheia".