Há coisas estranhas que até mesmo as pessoas que seguem os ditos “padrões de normalidade”, o fazem, sem o saber explicar. Estes nove comportamentos estranhos são exemplo disso.
O motivo é simples. Somos humanos, e o ser humano é sem dúvida um ser bizarro.
A lista foi feita pela brasileira “Exame” e aponta nove comportamentos com os quais certamente se identifica. Confira.
1 – Não trocar o rolo de papel higiénico que acabou
Eu sei que já usou o último pedaço de papel e não trocou o rolo – mesmo sabendo que isso lhe roubaria, no máximo, 30 segundos do seu precioso tempo.
A razão disso é que trocar o rolo de papel higiénico não traz nenhuma recompensa imediata, segundo os investigadores Richard Ryan e Edward Deci, da Universidade de Rochester, em Nova Iorque.
De acordo com investigação que fizeram, para as pessoas ficarem motivadas a fazer alguma coisa, a tarefa precisa de satisfazer três necessidades psicológicas – competência, autonomia e correlação.
A tarefa deve ser desafiadora o suficiente para nós nos acharmos muito competentes quando a conseguirmos terminar, deve dar-nos a sensação de que temos controlo sobre a situação e de que estamos a melhorar a nossa relação com as pessoas à nossa volta.
Ainda assim, esta tarefa depende muito do quão chatas ou exigentes são as pessoas que moram connosco.
2 – Fingir que sabe alguma coisa
Todos temos tendência a fazê-lo. Podemos não pescar nada o que está a ser falado, mas fazemos cara de quem está a entender tudo.
Segundo o investigador David Dunning, da Cornell University, a maioria das pessoas não sabe o que diz ou pensa saber e isso começa a produzir um conhecimento falso sobre o assunto.
Quando alguém nos pergunta se sabemos alguma coisa, o nosso cérebro imediatamente começa a concluir e até inventar explicações e teorias sobre a coisa.
3 – Ficar desconfortável no silêncio
Ficar em silêncio com um estranho é horrível. Quando a outra pessoa fica em silêncio, nós achamos que ela não está a gostar da conversa. Já quando o diálogo flui, pressupomos que está tudo bem.
No entanto, esta é em grande parte uma questão cultural. No Japão, uma pausa na conversa, principalmente quando a pessoa está a reflectir sobre algo, é um sinal de respeito. Já entre os aborígenes australianos e os nativos de vários países da Ásia as longas pausas silenciosas nas conversas significam que está tudo bem.
4 – Rir em situações inapropriadas
Na verdade, segundo a ciência, rir em situações inapropriadas está relacionado com o stresse emocional do momento. O corpo usa o riso para aliviar um pouco a tensão. Já quando não conseguimos aguentar o riso quando vemos alguém numa situação constrangedora, está provavelmente relacionado com os nossos instintos.
Quando nos rimos de nós próprios é uma forma de informar que, apesar de estarmos envergonhados, está tudo bem.
5 – Coscuvilhice
Pode parecer inacreditável, mas a coscuvilhice tem uma função social. Segundo alguns investigadores, a culpa é do nosso desejo de criar laços com as pessoas que estão à nossa volta e esse desejo é forte ao ponto de superar os nossos valores e a nossa moral.
A coscuvilhice, além de nos dar assunto para conversar com os outros, cria um sentimento de confiança, já que é por norma segredo.
O antropólogo Robin Dunbar, considera a coscuvilhice co-responsável pelo desenvolvimento do cérebro ao longo dos tempos. Dunbar defende, ainda, que a língua só se desenvolveu por causa da nossa vontade de fofocar, e a maledicência também nos permite ensinar aos outros a forma certa de nos relacionarmos em grupo.
Mas calma. Isto não é motivo para que agora se ponha a falar mal dos outros. A ciência explica a coscuvilhice, mas não é por isso que ser coscuvilheiro passa a ter perdão.
6 – Vontade de morder coisas fofas
Se os bebés entendessem tudo que os adultos falam, provavelmente isolar-se-iam num lugar seguro para ficar longe das ameaças de “vou MORDER esta coisa fofa”, ou “vou apertar-te tanto que vou deixar marcas nesta fofura”.
A ciência tem duas hipóteses para esta reacção bizarra.
A primeira delas é que as redes de sensação de prazer se estão a cruzar no nosso cérebro.
Quando vemos uma coisa fofa, o cérebro solta uma descarga de dopamina similar a quando comemos uma coisa muito deliciosa. Por isso, quando vemos um bebé, a nossa cabeça dá uma ordem e ficamos com vontade de o morder.
A outra hipótese tem a ver com os nossos antepassados pré-históricos. Brincar com mordidelas é um hábito comum entre mamíferos (quem já teve filhos de cães e gatos sabe bem).
Essa brincadeira é uma forma de estreitar os laços sociais. Isso pode, então explicar a nossa vontade doida de morder coisas com as quais temos laços afectivos.
7 – Fascínio por psicopatas
Se nós não adorássemos os psicopatas, os filmes do Hannibal Lecter, Psicose e a interminável série de “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” não teriam tido nem metade do sucesso.
Algumas teorias explicam esse gosto pela mente criminosa. A primeira delas defende que, sabendo mais sobre psicopatas, nós saímos da nossa própria consciência e entramos na mente de alguém que só pensa estritamente em si mesmo.
Já o psicólogo forense J. Reid Meloy afirma que, na sociedade, o psicopata é um tipo de predador. Saber da sua existência conecta-nos com os nossos instintos de caça e caçador.
Uma última teoria, do psiquiatra Ron Schouten, afirma que a nossa queda por psicopatas é similar à nossa atracção por filmes de terror ou por montanhas russas. Às vezes, só gostamos de apanhar uns sustos, que nos soltam uma super descarga de neurotransmissores, o que dá uma sensação de prazer.
8 – Chorar
Apesar de comum, o choro é um comportamento bem estranho. Pense bem. Pode acontecer porque por estar muito triste, muito feliz, muito preocupado, com muita raiva, muito stressado, muito emocionado… enfim, por mil e uma razões.
Uma das teorias mais bem aceites que explicam o choro humano é a do psicólogo Ad Vingerhoets, que argumenta que chorar é um sinal social bem primitivo.
Na natureza, muitos animais emitem sons que alertam os outros de que estão em perigo e que precisam de ajuda. Já os humanos desenvolveram-no como forma silenciosa de comunicar aos outros que algo está errado consigo.
9 – Gostar de filmes tristes
Segundo o investigador Robert A. Emmons, da Universidade da Califórnia, o facto de nos sentirmos gratos melhora o nosso humor e disposição. Com os filmes tristes acontece mais ou menos a mesma coisa.
Ver tragédias na televisão ou no cinema faz com que a pessoa reavalie a sua própria vida e se aperceba do que há de bom ou mau nela.
No entanto, o raciocínio não é válido para aqueles que pensam coisas tipo “ainda bem que eu não estou na pele desta pessoa”. Essas pessoas têm pensamentos egoístas e estão mais focadas em si do que nos outros.
Além de que isso não permite que elas experienciem felicidade ou tristeza ao assistir a um filme. Paul Zak afirma que ouvir ou ver histórias de outras pessoas nos faz sentir empatia, e o nosso cérebro liberta ocitocina – a chamada “hormona do amor”.