Trim trim, trim trim, trim triiiiim. Florentino Pérez atende o telefone. No outro lado da linha, um tal José Mourinho. O Real Madrid acaba de se sagrar campeão europeu de basquetebol, vs. Olympiacos, e o treinador português dá os parabéns ao presidente madridista. A conversa é curta e agradável. Florentino puxa por Mourinho, numa alusão a um regresso à casa branca. Mourinho sente-se bem no Chelsea, ainda por cima com dois títulos garantidos (Taça da Liga e Liga), mas não deixa de largar uma confidência: "Presi, tem de se livrar das três maçãs podres do Real Madrid."
Quem? Um é Iker Casillas, outro é Sergio Ramos e o terceiro elemento é o compatriota Cristiano Ronaldo. Os alvos estão apontados. Apoiam-se uns nos outros, uma espécie de trindade divina. Campeão europeu em 2014, naquela final da Liga dos Campeões em Lisboa, na Luz, com o Atlético Madrid (4-1 após prolongamento), o Real Madrid não engata em 2014-15. Logo a abrir a época, em Agosto, ganha a Supertaça Europeia ao Sevilha (2-0, bis de Ronaldo) e depois perde a Supertaça espanhola para o Atlético. Volta aos títulos em Dezembro, com o Mundial de clubes (4-0 ao Cruz Azul e 2-0 ao San Lorenzo), e depois game over, fini, the end. O Real Madrid não se endireita mais: deixa-se eliminar pelo Atlético na Taça de Rei e é ultrapassado pelo Barcelona na Liga. O legado de Carlo Ancelotti chega ao fim.
Entra Rafael Benítez. O seu primeiro desejo é contratar um guarda-redes. Há o sonho De Gea, do Manchester United. Então e Casillas? Já não serve. Aos 34 anos de idade, e com toda uma carreira dedicada ao Real Madrid, o titular da baliza não jogará mais pelo clube de sempre. Diz Florentino. E Benítez. É assim e pronto. O mercado agita-se. Aparece o Porto. Ou melhor, aparece Julen Lopetegui. O treinador do FCP treina Casillas na selecção espanhol durante o Mundial-2002. Conhecem-se há anos e anos, são amigos. Lopetegui telefona-lhe duas vezes e convence Casillas. Menos um na estrutura.
Segue-se Sergio Ramos. O filme do central é diferente. Se bem que não seja madridista desde pequeno, é um homem com ideias muito próprias, mesmo que contradigam o presidente. Ora bem, Pérez não aceita esse estilo. Nem os números de Ramos para a renovação: 16 milhões de euros brutos/ano. Vai daí, aumentam os rumores sobre a saída do defesa, agora capitão na ausência de Casillas. Fala-se com insistência no Manchester United. Muito mesmo. A verdade é que só Pep Guardiola (Bayern) pergunta directamente ao Real Madrid o preço e disponibilidade do central. Pérez nem pestaneja: 70 milhões de euros. Quanto ao resto, é com o (novo) capitão. E agora? É esperar para ver. E crer. Então e Ronaldo? Está no mercado. Por 100 milhões de euros. É pegar ou largar.