Syriza investiga jornalistas de meios privados gregos

Syriza investiga jornalistas de meios privados gregos


“Uma das obrigações do parlamento é proteger a República e isso passa por assegurar que quem viola a lei eleitoral não fica sem punição”, diz Syriza. “Sinais de um autoritarismo crescente”, acusa Nikolas Vafiadis, editor da ANT1.


O regulador dos media e o sindicato dos jornais diários de Atenas (ESIEA) abriram investigações à cobertura jornalística do referendo feita pelos meios de comunicação social privados da Grécia, noticiou esta quarta-feira o "The Age World". Em causa está a multiplicação de queixas por parte de espectadores sobre o desrespeito das leis eleitorais. Estes meios foram acusados de não dar tratamento igual aos dois lados do referendo, privilegiando sempre as campanhas e os discursos dos apoiantes do "Sim".

Em causa estão nove dos mais conhecidos pivots e directores das estações televisivas gregas, que foram todos convocados para responder perante a comissão de ética do sindicato. O director da SKAI reagiu à investigação pelo Facebook, acusando o governo de Tsipras de perseguição: "Para os vários cães do regime. Vocês não me vão calar, façam o que fizerem. Há uma enorme diferença entre mim e vocês. Eu trabalhei toda a minha vida enquanto vocês andaram a aquecer bancos. Estão a desperdiçar o vosso tempo com ameaças. Eu não mordo. Se alguém tiver argumentos, que os apresente. Eu estou aqui!"

Sindicato. Já na semana passada o sindicato dos jornais diários de Atenas tinha emitido um comunicado a criticar parte dos colegas de profissão: "Infelizmente, alguns colegas, especialmente nas televisões, em vez de seguirem as regras da ética divergiram para comportamento delinquentes, substituindo a função de jornalista pela de propaganda disfarçada", acusava.

A questão também já chegou ao nível parlamentar. "É obrigação do parlamento grego proteger a República da Grécia e tomar medidas para que as violações da legislação eleitoral não passem sem punição", referiu o porta-voz do Syriza à TVXS. Os meios de comunicação privados na Grécia têm sido bastante criticados pelo governo grego, especialmente porque têm feito campanha a favor de um novo pacote de austeridade e do acordo com os credores. Tsipras referiu isso mesmo no Parlamento Europeu, quando criticou alguns meios gregos de "aterrorizar o povo grego para promover o voto no 'Sim'". 

Visados pronunciam-se. Dimitris Kotaridis, jornalista da ANT1 e tesoureiro do sindicato, denunciou entretanto que o comité de ética deste sindicato foi tomado por afiliados do Syriza, falando numa lista de até 300 jornalistas em investigação, todos de meios privados. "É totalmente estúpido porque só estão a investigar os que favoreciam o 'Sim'… Mesmo que só tenhas dito qualquer coisa menos politicamente correcta ou simplesmente criticado Varoufakis também serás chamado. Isto é puramente político", referiu.

Já para o editor de internacional da ANT1, Nikolas Vafiadis, isto "são sinais precoces de um autoritarismo crescente que se está a desenvolver na Grécia e estou muito preocupado enquanto jornalista que estejamos a caminho do fanatismo". Admitiu que alguns meios privilegiaram ângulos editorais mas que tal não foi mais longe do que em outras ocasiões: "Graças a Deus que temos pluralismo na Grécia. Acho que estamos a caminho de um novo Estalinismo."