A Dra. Maria Barroso caminhava. Caminhou para os palcos. Caminhou para a fundação de um partido. Caminhou ao lado de um Presidente.
Para mim, caminhava no Colégio Moderno. Quilómetros de putos sacanas. Quando lá entrei, há 19 anos, já não era directora, contudo não dispensava observar, sorridentemente, a irreverência daqueles a quem já não ralhava, mas cujo futuro ainda e sempre a entusiasmava.
No meu tempo, caminhou entre uma arena de Beyblades (o teu é dos chineses, não vale) e um jogo de futebol desregulado (não há bola, joga-se com um DanUp vazio). Entre quantos queres? (327? não sei contar até tanto) e tantos Gameboy Color (já te disse que é impossível passar o boss). Entre mamã dá licença (quantos passos?) ou o Diogo e a Diana são namorados primos e casados (não somos nada, só demos a mão na carrinha para a Serafina).
Quando notavam a sua presença, os putos sacanas deixavam de o ser. Não por medo, mas dominados pelo modo alegre de estar. Afinal, como é que um puto com terra nas mãos e a marca de uma bolada na bochecha pode perder a timidez ao lado de uma senhora, como lembra hoje o prof. Pedro, de “colares alinhados, cabelo impecável, vestido sem um vinco”, cujo sorriso provava anos de experiência com sacanice? Era autoridade pela aura.
A Dra. Maria Barroso não foi uma mulher das que já não se fazem, mas uma das que hoje todos os dias nascem. Forte, independente, reluzente. Num colégio republicano, foi Rainha Mãe. Um abraço à Dra. Isabel e a toda a família, de um puto sacana.
Antigo aluno do Colégio Moderno