Uma busca rápida em coisas deste tempo como o Spotify e outros que tais mostra que nada disto alguma vez teve prazo de validade.Escrevemos The Wrecking Crew e surgem-nos resultados na forma de playlist que incluem nomes como Sam Cooke, Beach Boys, Simon & Garfunkel, Ike & Tina, Sonny & Cher, Byrds, Frank Sinatra ou The Carpenters. Há muito mais, claro que há, mas bastam estes para percebermos que esta gente era especial, que assim continuará para sempre. Esta mesma ideia acompanhou DennyTedesco, o realizador do filme que agora está em DVD à espera que recordemos ou descubramos a história de uma banda única.
Tedesco é filho de Tommy, com o mesmo apelido e um dos guitarristas da Wrecking Crew (é dele a guitarra que ouvimos quando ainda toca o genérico de séries como “Bonanza” ou “Missão Impossível”, é mesmo). A família moldou-lhe os gostos mas daí só lhe chegaram vantagens, as mesmas que agora nos passam pelos olhos. Fascinado pela história e pelo trabalho da Wrecking Crew, Denny quis mostrar de onde vieram aqueles músicos de excepção, quem foram, com quem trabalharam e o legado que deixaram à música pop. Não é uma obra que guarde valor fora de série enquanto peça cinematográfica, mas também não era essa a vontade do realizador/produtor/ideólogo de tudo isto. A “The WreckingCrew” tem carimbo de 2008, o ano em que chegou ao Festival de Sundance, mas só neste 2015 conseguiu distribuição, em algumas salas americanas e em DVD (já está na amazon americana, chega à britânica no próximo dia 13).
Em entrevista à revista “GuitarWorld”, no ano passado, Tedesco lembrava que o mais importante do documentário é relacionar a música com as vidas pessoais – e na maior parte dos casos anónimas – dos artistas que formaram a WreckingCrew: “Esta história é sobre os músicos que fizeram a melhor música de sempre mas que também estavam a ganhar a vida, a trabalhar e a manter os miúdos na escola.”
Tal como os Funk Brothers da Motown ou a Muscle Shoals Rhythm Section, dos estúdios Muscle Shoals, a Wrecking Crew era uma banda de estúdio, que acompanha outros artistas. Não aparecia a assinatura mas estava lá o som, feito a partir de Los Angeles e que se transformou numa marca da música popular dos anos 60 e 70 – não só na Califórnia mas por todo o mundo. BrianWilson trabalhou com estes artesãos em “Good Vibrations” ou “PetSounds”, Sinatra nunca foi o mesmo Frank quando estava com esta gente em estúdio e PhilSpector contou com eles para criar a mítica Wall of Sound, popularizada pelas Ronettes ou as Crystals.
O baterista Hal Blaine, a baixista Carol Kaye, o produtor e arranjador Jack Nitzche ou o guitarrista GlenCampbell (que teria uma frutuosa carreia em nome próprio), apenas alguns dos iluminados que fizeram a Wrecking Crew, gente vinda do cool jazz ou do bebop, prontos para uma vida de freelance musical, com menos glória pública mas donos de um brilhantismo criativo inigualável. São os protagonistas de um documentário para nos fazer tomar notas e ouvir a música logo de seguida – repetir tudo quantas vezes forem necessárias.
