The Huxtaburguer Book. Um livro entre duas fatias de pão

The Huxtaburguer Book. Um livro entre duas fatias de pão


Daniel Wilson é o chefe da cadeia australiana Huxtaburguer. Pelo menos já podemos conhecê-lo em papel


Isto ainda não deixou a Austrália mas um dia vai fazê-lo, continuamos à espera. Para já, a missão de conquista faz-se com um livro. É para ir com calma, para não causar ruído em exagero. “The Huxtaburguer Book” explica o que é que faz um bom exemplar desta categoria gastronómica. Chega na altura certa e vai deixar uns quantos curiosos sobre o que se passa entre duas fatias de pão lá no outro lado do mundo.

Daniel Wilson não se fez chef para se dedicar aos hambúrgueres. Ao mesmo tempo, não é homem para considerar tal especialidade como categoria menor. Mete tudo no mesmo barco, se vai à mesa vai com todo o cuidado que merece. Wilson fez o caminho que tinha de fazer: deixou a Nova Zelândia e estudou culinária nos EUA, trabalhou com chefs franceses, foi número dois em alguns restaurantes de referência até que, em 2010, abriu o Huxtable, em Melbourne (ele e outros dois sócios, diga-se). Procurou misturar cozinha europeia com pratos do sudeste asiático (ou assim vão explicando os guias de viagem), tudo para partilhar.

Correu-lhe bem, ainda hoje continua a correr bem, mas nunca haveria de ser suficiente. Um ano depois do Huxtable, Daniel Wilson abriu as portas do primeiro Huxtaburguer. Hoje são quatro e ameaçam multiplicar-se. Já o tínhamos dito: a coisa correu bem. Neste caso foi o mesmo. Tudo sempre cheio, nas mesas e à saída. Dizem os guias de viagem (outra vez) que são hambúrgueres “diferentes”, “especiais” e outras palavras bonitas com bacon por cima. Pode levar ketchup ou mostarda mas se assim é que se respeitem as quantidades, estudadas ao detalhe. O mesmo com o queijo e com os pickles. Pode ser mais dedicado aos fãs de churrasco ou aos amantes de gin, mais com as mãos ou feitos para o prato.

Receita O sucesso traduz-se, até ver, nos tais quatro restaurantes mas – como dizíamos no início – isto faz tudo parte de um plano maior. “The Huxtaburguer Book” explica como se faz um bom hambúrguer (diz Daniel Wilson, claro está). É um livro inteiro dedicado ao princípio que Wilson defendia há pouco tempo à revista “Esquire”: “Um hambúrguer tem de ser a soma de todas as partes e não apenas um pedaço de carne no meio de dois pães.”

Estamos todos de acordo e queremos saber mais. O autor continua: “Pensemos num hambúrguer como se fosse um filme, não sobrevive só com o actor principal.” E é por isso que Wilson procura fazê-los com ambição, a crescer para cima como um arranha-céus num prato. Ou então “apenas” (reparemos nas aspas) com muito cuidado, daquele que leva como apelidos palavras como “gourmet” e afins. A carne é escolhida tendo em conta todas as razões possíveis; as batatas que acompanham o prato não aparecem nunca por acaso; e atenção à manteiga que vai barrar o pão, muita atenção.
Vamos mais uma vez confiar no que dizem os experimentados na cozinha de Daniel Wilson. O hambúrguer Cliff continua a exercer fascínio coisa que chegue. Quase meio quilo de carne Wagyu, daquela que vem do Japão porque não pode vir de outra parte. Cliff significa “penhasco”, “desfiladeiro” e outros fenómenos naturais da mesma classe. Está tudo dito. À falta do resto é ler.

www.danielwilson.is