Pérola. Quando a kizomba se funde numa meada de estilos

Pérola. Quando a kizomba se funde numa meada de estilos


A cantora lança em Portugal o novo disco, “Mais de Mim”, com participações de Anselmo Ralph e Ivete Sangalo.


“A mistura de estilos faz parte de mim.” Quem o diz é Pérola, e o seu novo disco não desmente. Kizomba, zouk, kilapanga e soul são algumas das sonoridades presentes em “Mais de Mim”. 

O terceiro disco de estúdio da cantora angolana, feito, segundo a própria, a pensar em parte no mundo da música angolana actual, inclui convidados especiais como Anselmo Ralph e C4 Pedro, mas há outros. O cabo-verdiano Djodje e a brasileira Ivete Sangalo também contribuem neste “Mais de Mim”, que é, como os anteriores, uma conjugação de esforços para tirar o melhor partido dos talentos que a intérprete reúne a cada trabalho. “Quem escreve a maioria das minhas letras é o Heavy C, que é o produtor que trabalha comigo já há 11 anos. No meu primeiro disco escrevi duas músicas e no segundo também escrevi algumas, mas, normalmente, por mais que eu não escreva, digo-lhe os temas que quero abordar ou retratar”, explica a artista. 

Esses têm, muitas vezes, um cunho e olhar pessoais, pelo que a confiança é essencial para fazer passar a mensagem que quer. E este “Mais de Mim” não foi excepção, como aconteceu com as “duas músicas belíssimas” que Anselmo Ralph lhe trouxe. 

Apesar disso, a composição na primeira pessoa é um desejo que a cantora não nega, acrescentando que gostaria de ter a facilidade que outros músicos têm de escrever as suas próprias letras. “Acho que tenho mais o dom de interpretar, para estar aí a dançar e a cantar. Escrever, eu tento, mas talvez seja autocrítica demais: quando vejo, não escrevi do jeito que eu quero. E é aí que eu depois passo a bola para outras pessoas, que o fazem muito bem.”

O dom de que fala acompanha-a desde pequena, já que começou a cantar ainda em criança, primeiro em serões familiares e, gradualmente, em todas as oportunidades que lhe fossem aparecendo. Espectáculos, concursos de dança ou de misses, tudo serviu para ir dando os seus passos no mundo do entretenimento, mas com cautela, para não prejudicar os estudos: “De forma profissional, só mesmo em 2004. Quando consegui lançar um CD, comecei a levar a sério a minha carreira musical.” 

A edição de “Os Meus Sentimentos”, título do seu primeiro disco, aconteceu um ano depois de ter participado no programa de talentos “Coca-cola Popstars”. Contudo, por não ser sul-africana teve de abandonar a competição, uma espécie de mal que acabou por vir por bem. “Na altura, ainda não tinha em mente lançar um CD. Então, depois de ter participado no concurso e ter abandonado, senti-me um pouco frustrada e tive a necessidade de fazer algo de meu. Acho que o grande impulso para gravar o meu primeiro CD foi o facto de ter participado no concurso, mas não ter conseguido ir adiante”, recorda. 

Nascida no Huambo, com o nome de Jandira Sassingui, viveu na Namíbia e na África do Sul. Formou-se em Direito e, de regresso a Angola, acabou por ter a sua primeira experiência de emprego num programa de TV sobre viagens. 

Hoje totalmente dedicada à música, vai explorando os géneros musicais que a fizeram enquanto cantora, a soul e o R&B com que cresceu, e os ritmos angolanos, como acontece com a kizomba, que já não está só em Angola. “O bom da kizomba é que ela consegue sempre ser actualizada, rejuvenescer e mudar de cara. Fico superfeliz com a aceitação aqui. Até nos ajudou a nós, angolanos, a dar-lhe ainda mais valor, porque está a ultrapassar as fronteiras de tal forma que as pessoas até nos mostram a nós como é que se dança, o que é curioso e muito giro. Gosto de ver todas as idades, todo o tipo de pessoas curiosas, a aprender a kizomba.” 

A primeira lição, neste caso sobre o novo disco, acontece já hoje, com a apresentação ao vivo de “Mais de Mim”, num showcase na FNAC do Colombo, em Lisboa, pelas 22h.