Mais de 30 por cento da Muralha da China desapareceu ao longo do tempo devido a condições meteorológicas adversas e actividades humanas irresponsáveis, como a retirada de tijolos para construção de casas, noticiou nesta segunda-feira a imprensa local estatal.
Em algumas secções, este monumento considerado património da humanidade pela UNESCO encontra-se tão degradado que as estimativas do seu comprimento total, estimado originalmente em 21 mil quilómetros, se cingem a 9 mil quilómetros, atendendo aos troços que faltam.
A Grande Muralha, construção da Dinastia Ming, não é uma estrutura única, integrada, mas sim uma construção por secções que se estende por milhares de quilómetros a partir de Shanhaiguan, na costa leste de Jiayuguan e atravessando as inóspitas areias do deserto de Gobi.
A sua construção teve início por volta do século III a.C., mas cerca de 6.300 quilómetros foram construídos durante a Dinastia Ming, entre 1368 e 1644, nos quais se incluem os sectores muito visitados ao norte da capital, Pequim.
Desse total, "1.962 quilómetros desvaneceram-se ao longo dos séculos", divulgou a AFP citando o jornal Beijing Times.
O turismo e as actividades locais também se apresentam como factores que têm contribuído para o desgaste apresentado, salienta ainda o jornal, esclarecendo que os residentes da região de Lulong, no norte da província de Hebei, os mais confrontados com dificuldades financeiras, têm o hábito de recorrer aos tijolos da muralha para construírem as suas casas.
Sobressai ainda o hábito de retirarem as "placas que contêm inscrições chinesas para venderem por 4,30 Euros por peça", informa a AFP citando testemunhos dos residentes, acrescentando com base no jornal estatal Global Times, que a regulamentação chinesa prevê multas de 5.000 Yuan (0,73 Eur) para quem praticar semelhantes actos.
No entanto, "não existe nenhuma organização específica para garantir o seguimento da lei", e, quando os actos ocorrem e se chamam as autoridades, é difícil resolver a questão devido a haver zonas situadas entre fronteiras, e por isso com diferentes jurisdições, declarou uma representante da protecção oficial de Relíquias e da Cultura, Jia Hailin.
"A exploração [turística] das secções incompletas da Grande Muralha, uma actividade popular em crescimento nos últimos anos, tem atraído a essas áreas mais turistas do que é possível comportar, originando um desgaste ainda maior" acrescentou.
Lusa