António Costa esclareceu nesta quinta-feira que as alterações aos escalões de IRS que pretende fazer caso o PS seja governo implicam que “quem tem maior capacidade contributiva vai pagar mais e os que têm menos rendimentos vão pagar menos”. Costa argumenta que o objectivo com o aumento da progressividade do imposto é aliviar a classe média.
“A política deste governo foi devastadora para a classe média que hoje paga tudo”, disse o líder do PS na entrevista que deu esta quinta-feira à noite à SIC acrescentando que “com o esmagamento de escalões” esta fatia da população “teve o maior aumento da carga fiscal”. “Vamos aumentar os impostos para aumentar a progressividade ao longo da legislatura”, disse ainda Costa fazendo prever que as alterações só ocorram mais à frente.
O líder socialista foi ainda confrontado com os riscos que a redução das contribuições para a segurança social possam ter na sustentabilidade do sistema e assumiu que a medida “tem um impacto, mas o que é dito é que assegura o equilíbrio”. E acrescentou que as pensões futuras não serão afectadas. “Não se trata de fazer hoje um corte de contribuição para fazer um corte nas pensões amanhã”, disse o líder do PS assegurando que “as pensões em pagamento não serão afectadas, as que estão a cinco anos não serão afectadas e mesmo as futuras, após 2027, só num caso excepcionalmente negativo de nada funcionar é que podem vir a ser afectadas entre 1,25 e 2,6% relativamente ao montante anterior”.
Na questão da privatização da TAP, o líder socialista reafirmou que o PS “tudo fará, dentro do que a lei permitir, para garantir que o Estado tenha 51% do capital da TAP”. Sobre as consequências da reversão do negócio que já tem um contrato promessa assinado, o líder do PS foi vago: “Veremos em que condições estará o contrato”. Costa atirou ainda ao executivo porque “não quis falar com o PS” durante o processo, classificando o negócio de “imprudente e inqualificável do ponto de vista institucional”.
Nas matérias mais políticas, o líder do PS desvalorizou as sondagens que dão a maioria na liderança das intenções de voto, acredita que “a coligação de direita atingiu mínimos históricos e o PS tem à sua esquerda 20% do eleitorado”. A convicção de Costa é que os eleitores só decidem mais próximo das eleições. Quanto aos impactos da prisão do ex-líder socialista, José Sócrates, na caminhada eleitoral do partido, Costa citou Maria José Morgado para dizer que “os termos da política e os da Justiça não têm de interferir uns com os outros”. E insistiu na separação de águas, revelando que a visita ao ex-primeiro-ministro foi feita não enquanto líder do PS , no contexto da sua vida pública, mas “no âmbito privado”.