A electricidade trouxe vantagens irrevogáveis à vida humana, mas há um ponto para o qual o seu contributo não é positivo: o sono. Um estudo recente acompanhou o dia-a-dia de dois grupos de caçadores na Argentina. Os dois grupos têm hábitos semelhantes, mas uma das vilas tem electricidade e outra não.
Investigadores da Universidade de Washington distribuíram pulseiras medidoras dos tempos de sono e pediram para que anotassem as horas a que se deitavam e se tinham por hábito fazer sestas. Com apenas 50 quilómetros a separar as duas comunidades, foi possível reparar que na aldeia sem electricidade se dorme pelo menos mais uma hora do que na aldeia com luz eléctrica. O investigador Horacio de la Iglesia refere que as noites de sono mais curtas ocorrem com a opção de ligar as luzes, que adia a ida para a cama. O cientista acrescenta que o estudo mostra como os nossos antepassados encurtaram os tempos de sono no momento em que ganharam acesso à electricidade.
No entanto, apesar da inegável influência da electricidade, existem factores biológicos a afectar o sono. Na mesma pesquisa, os investigadores descobriram que as duas comunidades dormiram mais horas no Inverno do que nos meses de Verão, sugerindo a existência de um controlo biológico que obriga a mais tempo de descanso nos meses mais frios. “Mesmo que o ser humano faça um esforço para minimizar as diferenças entre Inverno e Verão, não podemos escapar à nossa biologia”, salientou Horacio de la Iglesia.
