Os telefones não pararam de tocar durante o fim-de-semana entre o governo de Atenas e “quem manda” na Europa. Tsipras falou com Angela Merkel, François Hollande e Jean-Claude Juncker, na véspera da cimeira extraordinária para discutir a questão grega e o governo enviou uma nova proposta à Europa.
“O primeiro-ministro apresentou aos três líderes a proposta grega para um acordo de benefício mútuo em que se atinja uma solução definitiva e não um adiamento do problema”, disse o governo em comunicado. As novas propostas foram discutidas de manhã numa reunião do executivo, em que o primeiro-ministro explicou aos ministros o conteúdo das conversas com Merkel, Hollande e Juncker, mas não são publicamente conhecidas.
Cedências e exigências Segundo a televisão pública ERT (que tinha sido fechada pelo governo Samaras, mas que Tsipras reabriu) Atenas muda a sua posição relativamente aos escalões do IVA, aceita o objectivo de 1% de PIB em saldo primário este ano e também cede em mudar os programas de reformas antecipadas. A Grécia quer um compromisso dos credores de que haverá uma reestruturação da dívida – que pode ser através da extensão de maturidades – assim como um “pacote de crescimento”, segundo fontes do governo citadas pela imprensa grega.
Nas mãos de Merkel Numa coluna no jornal alemão “Frankfurter Allgemeine” o ministro das Finanças Yanis Varoufakis escreveu que “está nas mãos de Angela Merkel”, como chefe da maior economia da zona euro, salvar a Grécia da bancarrota. O ministro grego responsabiliza a chanceler alemã pelos resultados da cimeira extraordinária de líderes europeus que hoje começa em Bruxelas.
“Na segunda-feira [hoje] a chanceler alemã enfrenta uma escolha complicada. Fechar um acordo aceitável com um governo que se opôs aos bail-outs e que procura uma solução negociada para terminar de vez com a crise grega ou ir nos cantos de sereia daqueles que dentro do seu governo a animam a atirar pela borda fora o único governo que pode levar os cidadãos gregos para o caminho das reformas autênticas”, escreve Varoufakis, afirmando que é a Merkel que cabe escolher.
Chegar a um compromisso Varoufakis diz que o lado grego chegará a Bruxelas com a “determinação de chegar a um compromisso desde que não sejamos convidados a fazer o que os governos passados fizeram: aceitar novas tranches de empréstimo debaixo de condições que oferecem muito pouca esperança de que a Grécia possa vir a pagar o que deve”.
No sábado, o ministro de Estado Alekos Flambouraris disse à Mega TV que o governo admitia conter os programas de reformas antecipadas e diminuir o limiar sujeito a impostos dos lucros das empresas.
Antes da cimeira extraordinária, o presidente da Comissão Europeia reúne-se com o primeiro-ministro grego. Segundo a AFP, hoje também está previstas uma reunião extraordinária do Banco Central Europeu, para debater um reforço da linha de emergência para os bancos gregos, a braços com elevadas fugas de capitais nas últimas semanas. A reunião foi pedida pelo Banco da Grécia, que tem sido muito crítico do governo Tsipras.