Para Maria Teresa Horta, "Hélia Correia é uma grande romancista portuguesa. Até que enfim que lhe atribuem o prémio", afirmou à agência Lusa a escritora que publicou os primeiros textos da autora premiada”. "É uma grande romancista, uma excelente ficcionista e 'Lillias Fraser' é o grande romance português moderno."
Maria Teresa Horta foi a primeira a publicar obra de Hélia Correia, entre finais da década de 1960 e inícios de 1970, no suplemento "Literatura e Artes", que dirigia no vespertino A Capital. "Eram três ficções poéticas pequeninas. E quando ela publicou 'O separar das águas' (1981) e comecei a ler, percebi que aquela escrita estava lá", disse. "Como nunca querem saber da literatura para coisa nenhuma, só tem visibilidade quando se recebem prémios. E com a Hélia é sobretudo a escrita que ela faz. É um traço único. É a pujança da língua portuguesa. O 'Lillias Frazer' é uma coisa de tirar o fôlego. E ela é minha madrinha, por me ter emprestado a personagem para o meu romance 'As luzes de Leonor'", contou Maria Teresa Horta.
Já o coordenador do Plano Nacional de Leitura, Fernando Pinto do Amaral, destacou a "singularidade muito grande" de Hélia Correia, capaz de criar um "mundo fascinante", na "fronteira entre a normalidade e a loucura". O mundo que cria é fascinante", afirmou o também escritor, salientando na obra da autora de "Lillias Fraser", "a ligação entre o real e o fantástico", as "criaturas um pouco estranhas, que estão na fronteira entre a normalidade e a loucura".
Para o poeta Nuno Júdice, a atribuição do prémio foi “muito justa”. "Fomos colegas de curso na Faculdade de Letras, fizemos parte das mesmas lutas académicas e vejo na obra dela uma capacidade de fazer reviver. Uma das suas influências literárias é o romance inglês do século XIX, mas actualizado. E depois há o lado fantástico", descreveu. Para Nuno Júdice, o romance "Lillias Fraser" pode ser um bom ponto de partida para um leitor entrar na obra literária de Hélia Correia. "Seja em romance seja em conto, há uma tonalidade poética que passa na obra", disse.
Os livros de Hélia Correia são publicados pela Relógio d’Água. O editor da autora, Francisco Vale, sublinhou "a grande imaginação e o português rico e dos mais elaborados, no espaço da língua portuguesa”. Disse ainda que este "é um prémio merecido. É a autora que melhor está a escrever em língua portuguesa, actualmente", sublinhou Francisco Vale, da Relógio D´Água, editora que publica a obra de Hélia Correia desde meados dos anos 1980.
Também à agência Lusa, o editor revelou que a Relógio D´Água vai reeditar agora todas as obras de Hélia Correia, que ficarem esgotadas no mercado, e ainda publicar um volume com obras escolhidas da escritora.