Riscos para o PS

Riscos para o PS


1. Acusação cai na campanha O Ministério Público tem até 21 de Novembro para deduzir a acusação do processo Sócrates. Se a acusação estiver pronta dois meses antes – 21 de Setembro, por exemplo – será o tema da campanha eleitoral. O PS não terá como fugir a isto. Dependendo do teor da acusação (por exemplo,…


1. Acusação cai na campanha

O Ministério Público tem até 21 de Novembro para deduzir a acusação do processo Sócrates. Se a acusação estiver pronta dois meses antes – 21 de Setembro, por exemplo – será o tema da campanha eleitoral. O PS não terá como fugir a isto.

Dependendo do teor da acusação (por exemplo, se versar actos cometidos por Sócrates durante o tempo em que foi primeiro-ministro) a situação pode tornar-se um problema gravíssimo para o PS.

A estratégia de descolagem do caso judicial decidida pela direcção de António Costa até tem funcionado, mas é impossível prever os estragos eleitorais que uma acusação pronta antes das eleições pode fazer aos socialistas.

2. Sócrates preso na casa de Lisboa

Se o ex-primeiro-ministro passar ao regime de prisão domiciliária, é uma mudança radical que a direcção socialista vai ter que “absorver”. Ao contrário da prisão, a casa do Marquês de Pombal é de mais fácil acesso aos socialistas e estará naturalmente sob intensa vigilância das televisões.

Se o Ministério Público considera já não existir o risco de perturbação do processo, uma mudança de Sócrates de Évora para Lisboa tem ingredientes suficientes para poder perturbar – ainda mais – a consolidação da alternativa de António Costa.

Nunca esquecer que para Sócrates este processo sempre foi “político”, teoria que Costa rejeitou desde o primeiro minuto.

3. Sócrates quer estatuto de mártir

São impossíveis de prever os estilhaços que cairão sobre o Partido Socialista qualquer que seja o desenvolvimento do caso Sócrates. Neste momento, a coligação no poder utiliza contra o PS o facto do partido quando foi governo – liderado por José Sócrates – ter levado o país “à bancarrota”.

Mas nada garante que não passe a utilizar mais directamente o facto do chefe desse governo estar a ser alvo de um processo, nomeadamente se existir acusação durante a campanha eleitoral.

A decisão de Sócrates de recusar ir para casa, mantendo-se na prisão de Évora, tende a conferir-lhe, junto dos seus apoiantes, um estatuto de “mártir”. Costa não ganha nada com isso.