Grécia. Governo do Syriza estica a corda e só quer pagar  a dívida ao FMI no dia 30 de Junho

Grécia. Governo do Syriza estica a corda e só quer pagar a dívida ao FMI no dia 30 de Junho


O FMI esperava receber esta sexta-feira de Atenas mais uma tranche de 305 milhões de euros.   


Mas Atenas fez ontem um pedido de adiamento e uma proposta: pagará as tranches previstas para Junho no dia 30. Mais de 1500 milhões.

A Grécia está mesmo a esticar a corda. Ontem à tarde o governo do Syriza pediu ao FMI que adiasse o pagamento previsto para hoje de uma tranche de 305 milhões de euros. As autoridades gregas informaram ontem o Fundo Monetário Internacional da intenção de juntar os quatro pagamentos que deveriam fazer à instituição em Junho num único pagamento, adiado para dia 30, anunciou o FMI em comunicado. O FMI explica que este mecanismo foi aprovado no final dos anos 70 para evitar as dificuldades administrativas de múltiplos pagamentos num curto período.

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Durante o mês de Junho, a Grécia tem de pagar mais de 1,5 mil milhões de euros ao FMI, uma quantia que tinha sido dividida em quatro prestações, a primeira das quais (305 milhões de euros) tinha de ser paga hoje. Pouco antes da divulgação do curto comunicado, a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, tinha afirmado estar confiante de que a Grécia faria o pagamento na sexta-feira e afirmou que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tinha dado essa garantia.

Esta posição de Atenas é ainda mais estranha porque a Grécia dispõe de fundos suficientes para fazer frente ao pagamento de 305 milhões de euros. Segundo fontes da Agência de Gestão da Dívida Pública grega, citadas pela EFE, tanto o dinheiro de hoje como a parcela de 335 milhões de euros que vence a 12 de Junho estão disponíveis, mas a decisão de fazer ou não os pagamentos “é política”. E o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, deixou entrever quarta-feira em Bruxelas que a Grécia faria o pagamento. Questionado sobre se a Grécia poderia fazer frente ao pagamento ao FMI na sexta-feira, Tsipras respondeu: “Não se preocupem com isso. Já pagámos 7500 milhões” de euros para cumprir com obrigações financeiras.

Frenesim continua O frenesim grego continua, com os mercados cada vez mais nervosos com o desenlace anunciado das negociações entre Atenas e os credores internacionais. Há muito fumo no ar, como é costume nestes assuntos europeus. Uma coisa é certa. Os cofres gregos estão cada vez mais vazios. Tão vazios que depois de o governo andar a recolher todos os fundos disponíveis em câmaras municipais, organismos regionais e outras instituições públicas, incluindo as verbas disponíveis nas embaixadas do país no estrangeiro, quem anda a sofrer com a falta de dinheiro são os fornecedores da administração pública grega. A ordem é não pagar ou atrasar ao máximo o pagamento dos bens e serviços. Enquanto Varoufakis conta os tostões, Tsipras tomou o controlo do processo político e técnico das negociações na procura desesperada de um acordo sempre difícil que liberte os 7,2 mil milhões de euros da última tranche do segundo resgate a tempo de o país não entrar em default. 

As negociações aceleraram esta semana, depois de a cimeira de Berlim na segunda-feira ter definido os pontos fundamentais que Atenas terá de aceitar a bem ou a mal. O governo grego percebeu que não podia estar na defensiva e preparou mais um documento para os credores. Mas a resposta da Comissão Europeia e do Eurogrupo foi dura. O que está em cima da mesa é o documento de Berlim e não o de Atenas. 

Quarta-feira à noite Tsipras foi jantar a Bruxelas com Juncker e Dijsselbloem. A conversa, segundo o primeiro-ministro grego, correu bem. Tão bem que hoje há novo encontro em Bruxelas com os mesmos intervenientes. Os mais optimistas esperam fumo branco ao fim do dia. Os mais pessimistas não acreditam que o governo do Syriza aceite fazer uma reforma profunda do sistema de pensões e da segurança social, para não falar na reforma das leis laborais e na alteração dos escalões do IVA, uma forma de o fisco grego arrecadar mais receitas. Com Lusa