Não é de agora mas é sempre bom lembrar: uma história verídica não faz um filme. E só porque essa mesma história é rara e difícil de esquecer, o mesmo pode não acontecer na sala de cinema.
Vai daí, “Mulher de Ouro” está cá para confirmar isto tudo mais uma vez. Maria Altmann é a protagonista desta demanda, aqui interpretada por Helen Mirren. Altmann, austríaca de origem judia, teve de fazer o inevitável quando os nazis trataram de dar a volta à Europa. Deixou o país e fixou morada nos EUA.
Como é fácil de entender, não levou o queria consigo – na verdade, deixou quase tudo para trás. Mas já no século XXI quis recuperar o que tinha perdido, sobretudo o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, pintura de Klimt confiscada pelos alemães.
Que a informação que se segue não seja legalmente considerada spoiler, até porque o final do enredo é público: feitas as contas, Maria Altmann conseguiu recuperar o Klimt em questão (um de quatro, na verdade). Por isso, o que mais importa é perceber como é que Simon Curtis (de “A Minha Semana com Marilyn”, 2011) filmou os acontecimentos.
Encontramos um duo ele-e-ela improvável, com Ryan Reynolds como advogado pelo bem contra o mundo ganancioso. Com Mirren, o americano protagoniza uma epopeia de pequenos contra gigantes, mas pelo meio da luta acontece muita coisa. Perdemo-nos entre combates morais, viagens históricas, turismo pela Europa e até momentos de humor ao jeito de Miss Marple: Altmann tem idade para dizer o que lhe apetece e diz. É possível que, do lado de cá, quem esteja a ver se sinta perdido. Mas vá lá, Viena é sempre bonita, mesmo que não saibamos para onde ir.