Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça 2013/14; quatro títulos para o Benfica. Liga e Taça da Liga 2014/15; mais dois títulos para a águia. Taça de Portugal 2014/15: arrebatada pelo Sporting. A Supertaça, a 9 de Agosto, também será ganha por um dos rivais da capital. Tudo somado (4+2+1+1), temos oito troféus nacionais consecutivos para os grandes deLisboa. É o maior apagão do FCPorto em praticamente quatro décadas. O último título a ir parar à Invicta foi em Agosto de 2013, quando a equipa liderada por Paulo Fonseca venceu a Supertaça. No fim-de-semana o Braga esteve a seis minutos de interromper o ciclo alfacinha, mas os leões reagiram a tempo.
Desde que Pinto da Costa subiu à presidência, os adeptos portistas habituaram-se à hegemonia no futebol português. Por isso temos de recuar à década de 70 para encontrar uma série consecutiva de títulos para Lisboa tão grande como a actual. E mesmo assim foi o Boavista a quebrar um ciclo de 13 troféus seguidos entre Benfica e Sporting.
O Benfica foi campeão em 1967/68, pela mão de Otto Glória, mas a Taça de Portugal dessa época seria para o FCPorto de José Maria Pedroto. É aí que se inicia um vazio de poder para as equipas nortenhas. Benfica (5) e Sporting (2) vencem os campeonatos e as taças (3 e 3, respectivamente) seguintes. Odomínio de encarnados e verdes-e-brancos chega aos 13 troféus consecutivos. Na altura, os dragões passavam a pior seca de sempre no campeonato (seriam 19 anos, de 1959 a 1978). Entrou em acção a pantera, treinada por José Maria Pedroto – um denominador comum nesta história –, que conseguiu derrotar o Benfica na final da Taça de 1974/75.
Da Taça de Portugal 67/68 (FCP) para a de 74/75 (Boavista), o Norte não viu um único título no futebol
O FCP só conseguiria voltar aos triunfos em 1976/77, com uma Taça de Portugal. Damos-lhe dois segundos para adivinhar o nome do treinador responsável. Esse mesmo, não havia muito para pensar: José Maria Pedroto. Entre 1979 e 1984 os grandes de Lisboa também dominaram o campeonato. Contudo, os azuis evitaram um ciclo tão grande como o actual de títulos consecutivos para a capital, conquistando a Supertaça de 1980/81 (primeira edição da prova). Otroféu viria a ser dominado pelo clube portista, com 20 vitórias em 34 edições.
a1 norte-sul OFCPorto demorou a arrancar no século xxi, perdendo os dois primeiros campeonatos. Depois foi um ver se te avias com Mourinho (bicampeão 2002 a 2004), o tetracampeonato de Co Adriaanse e Jesualdo Ferreira (2006 a 2009), e o tri com Villas-Boas e Vítor Pereira (2011 a 2013).Um título nunca veio só. Mas entretanto veio o tempo de seca, iniciado com a dupla Paulo Fonseca/Luís Castro no campeonato, que se manteve em 2014/15 com Julen Lopetegui.
A capital parece mesmo ter-se tornado um local assombrado e de más memórias para os dragões. Não são apenas os troféus a viajar para a Luz ou Alvalade que incomodam o FCP. A própria equipa tem tremido quando percorre toda a A1 no sentido norte-sul e termina o percurso em Lisboa (em Setúbal a conversa é outra). Entre Luz, Alvalade, Restelo ou Amoreira, os azuis já somam 13 jogos – nem de propósito, não somos supersticiosos, mas cá está este número outra vez – consecutivos sem uma única vitória.
O bicampeão Vítor Pereira foi o último treinador a deixar a cidade junto ao Tejo com um triunfo. Foi em Outubro de 2012, com 2-1 no terreno do Estoril, para a Liga. Depois, dez empates e três derrotas. Só esta época, os tropeções emLisboa custaram a Lopetegui o campeonato. Além dos quatro pontos deixados na casa dos rivais directos, o FCP perdeu mais dois na Amoreira e não conseguiu deixar o Benfica mais pressionado na penúltima jornada; as águias empataram em Guimarães e os dragões deixaram fugir o 1-0 no Restelo, que os poderia ter deixado a apenas um ponto da liderança.
As duas temporadas vitoriosas do Benfica e o fim da seca de títulos no Sporting (que durava desde 2008) estão, para já, a cortar com a predominância do azul nas últimas décadas. Antigamente a maioria das mesas de matraquilhos, como a que vemos na imagem, tinha as equipas de Benfica e Sporting. A chegada de Pinto da Costa a líder do FCP desequilibrou as forças e desde então os azuis têm aumentado a sua presença nos matrecos – sinónimo de mais adeptos e mais atenção para o clube que sempre tentou combater a supremacia dos emblemas da capital.
A última vez que o clube passou por um jejum, 13 títulos seguidos ficaram em Lisboa. Agora ociclo vai nos sete. Mas pelo passado recente custa a crer que os dragões passem muito tempo sem vencer nada. A pressão aumentou para Lopetegui. Para já, é só isso.