O mito de que elas são de Vénus e eles de Marte


O artigo era dedicado à investigação de Gina Rippon, neurocientista e professora da Universidade de Aston (Birmingham).


Finalmente! Foi assim que reagi a uma notícia que circulou recentemente nas redes sociais. Da autoria de Sarah Knapton (“Telegraph”, 8 Março de 2014), o artigo era dedicado à investigação de Gina Rippon, neurocientista e professora da Universidade de Aston (Birmingham). A sua tese é que as diferenças de género não são inatas e decorrem fundamentalmente da influência de concepções estereotipadas. É um mito pensar-se que os homens são de Marte e as mulheres de Vénus, que os cérebros delas e deles funcionam de forma inerentemente distinta… 

É exactamente esta a perspectiva que me formou como socióloga: se as mulheres e os homens pensam de maneira diferente, e se tendem a desenvolver papéis sociais distintos, afastemos da nossa interpretação qualquer determinismo biológico. Desde o nascimento, elas e eles estão sujeitas/os a padrões de socialização diferenciados em função do género – isto é, das representações sociais dominantes do que é ser homem e ser mulher.

Sem esta marca socialmente construída (e reproduzida), seríamos basicamente seres humanos, muito mais próximos no que nos torna felizes e no que nos angustia, no valor que atribuímos à família, ao amor, ao trabalho profissional, à amizade, ao exercício da cidadania… Anália Torres e Rui Brites, num artigo publicado em 2006, argumentaram que as diferenças de género tendem a ser “essencializadas” e estereotipadas, ilustrando bem a convergência entre mulheres e homens num conjunto amplo de atitudes, opiniões e valores. Há agora na neurociência quem se aproxime da essência da sociologia. Finalmente!

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa.

Escreve à quarta-feira

O mito de que elas são de Vénus e eles de Marte


O artigo era dedicado à investigação de Gina Rippon, neurocientista e professora da Universidade de Aston (Birmingham).


Finalmente! Foi assim que reagi a uma notícia que circulou recentemente nas redes sociais. Da autoria de Sarah Knapton (“Telegraph”, 8 Março de 2014), o artigo era dedicado à investigação de Gina Rippon, neurocientista e professora da Universidade de Aston (Birmingham). A sua tese é que as diferenças de género não são inatas e decorrem fundamentalmente da influência de concepções estereotipadas. É um mito pensar-se que os homens são de Marte e as mulheres de Vénus, que os cérebros delas e deles funcionam de forma inerentemente distinta… 

É exactamente esta a perspectiva que me formou como socióloga: se as mulheres e os homens pensam de maneira diferente, e se tendem a desenvolver papéis sociais distintos, afastemos da nossa interpretação qualquer determinismo biológico. Desde o nascimento, elas e eles estão sujeitas/os a padrões de socialização diferenciados em função do género – isto é, das representações sociais dominantes do que é ser homem e ser mulher.

Sem esta marca socialmente construída (e reproduzida), seríamos basicamente seres humanos, muito mais próximos no que nos torna felizes e no que nos angustia, no valor que atribuímos à família, ao amor, ao trabalho profissional, à amizade, ao exercício da cidadania… Anália Torres e Rui Brites, num artigo publicado em 2006, argumentaram que as diferenças de género tendem a ser “essencializadas” e estereotipadas, ilustrando bem a convergência entre mulheres e homens num conjunto amplo de atitudes, opiniões e valores. Há agora na neurociência quem se aproxime da essência da sociologia. Finalmente!

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa.

Escreve à quarta-feira