Ricardo Sirgado
39 anos
Quase na véspera de fazer 40 anos, Ricardo Sirgado mostra-se optimista em relação à sua futura reforma. Para o comercial, não há razões para pensar que não vai receber a pensão no momento em sair do mercado de trabalho. “Neste momento é a população activa que está a suportar, em grande parte, as reformas dos pensionistas e, quando chegar a minha altura, caberá aos mais jovens fazer o mesmo”, refere. As notícias que apontam para o risco de sustentabilidade da Segurança Social e para o aumento da idade de reforma também não o assustam. No seu entender,
caberá ao Estado, como pessoa de bem, encontrar uma alternativa para não pôr em causa este direito e conseguir tratar os pensionistas com igual respeito, já que continua a achar o sistema público mais justo e equilibrado.
Apesar deste optimismo, Ricardo Sirgado prepara--se para subscrever um Plano Poupança Reforma. “Esta poderá ser uma alternativa ou, até mesmo, um reforço para ter uns dias mais tranquilos”, salienta. “Se conseguir ter uma reforma com mais tranquilidade e com menos sobressaltos em termos económicos, porque não começar a preparar com alguma antecedência esses dias?”, questiona.
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Clara Pisco
33 anos
“Não admito não vir a receber uma reforma. Por muito que tentem assustar--nos com essa ideia, a Segurança Social é um direito constitucional e o Estado, como pessoa de bem, tem obrigação de honrar os seus compromissos”, alerta Clara Pisco. A arquitecta de 33 anos admite ver com algum receio as constantes ameaças ao aumento da idade da reforma e à sua relação com a esperança média de vida. “Adorava poder ajudar no crescimento dos meus netos (que espero vir a ter um dia), tal como hoje a minha mãe e a minha sogra apoiam o meu filho, mas a ideia de nos terem a trabalhar até estarmos todos velhinhos e doentes põe em causa tudo isso.”
Apesar de todas as incertezas em relação à sustentabilidade da Segurança Social, Clara Pisco continua a achar o sistema público mais justo e solidário. Por isso mesmo, se fosse opcional descontar para um sistema privado afastaria tal hipótese. “Se actualmente já nos debatemos com o problema da falta de jovens a descontar face a uma população cada vez mais envelhecida, a hipótese de retirar a obrigação dos descontos para o sistema público desequilibra ainda mais uma pirâmide que tem de ser invertida. Penso que temos, isso sim, de procurar dinamizar a economia e gerar mais trabalho, mais bem remunerado, manter os nossos jovens no país, e aumentar a natalidade, para termos mais e mais pessoas a descontar”, conclui.
Alberto Velez Grilo
45 anos
Apesar da ideia de vir a estar reformado não o preocupar muito, Alberto Velez Grilo admite que, face à crise dos últimos anos, os temas “estar reformado” e “ter ou não reforma” são incontornáveis e acredita que irá ter direito à reforma, “mas não nos moldes e valores actualmente praticados”. No entender do gestor de projectos europeus, são praticados neste momento valores de reforma “exagerados que é necessário rever de forma séria. Se houver um valor máximo de reforma, quem tem mais recursos financeiros deverá ter um plano; já quem não tem recursos e não tem possibilidade de ter um plano B terá direito a uma reforma condigna”.
Para evitar desagradáveis surpresas, Alberto Velez Grilo já subscreveu um Plano Poupança Reforma (PPR) mas, independentemente dessa opção, o responsável continua a defender a existência de um plano público. “Com um valor máximo definido para as reformas, seria necessário permitir que se fizesse uma ‘gestão mais pessoal’ do valor que cada indivíduo desconta para a Segurança Social (definindo, evidentemente, um valor de desconto mínimo, que permita dar sustentabilidade ao sistema).
sto resultaria num “sistema misto” de Segurança Social? “Sim. Mas não vejo qualquer problema nisso, desde que garantidas as condições anteriormente referidas”, salienta.