Simple Songs” é o título porque a estrutura das canções está à vista de todos, o mundo que começa e acaba entre o início e o final de cada tema não tem nada a esconder. Daí até isto que aqui acontece ser simples – fácil, elementar, óbvio, respeitável – é outra questão. Jim O’Rourke é o anti-herói americano, tão patriota como qualquer outro capitão rock’n’roll, mas longe de ser o salvador seja do que for. Nunca soube ao que ia depois de ter uma missão cumprida. Podia ser um disco a solo entre brincadeiras electrónicas, podia ser uma temporada com os Sonic Youth, o jazz ou o noise, o que fosse.
Em “Simple Songs” é um preocupado escultor de fórmulas verso-refrão, que decidiu fazer um dos melhores conjuntos de canções (são só oito, mas não falta nada) depois de ter ouvido outra vez toda a colecção de rockers e folkies – mais os heróis do piano – que fizeram dos 70 americanos uma coisa para correr estrada e ficar na memória. Melancólico por convicção, irónico sem remédio, Jim O’Rourke é um cowboy progressivo, um sinfónico das pradarias, um punk com vista para o oceano. É o nosso melhor amigo.