João Sousa. Escreve-se com esse

João Sousa. Escreve-se com esse


Português bateu homófono João Souza na primeira ronda de Genebra (7-5 e 6-3).


Um é português, o outro é brasileiro. Um ocupa a 50.a posição do ranking, o outro está 30 lugares atrás. Um tem 26 anos e é profissional desde 2005, o outro nasceu no mesmo ano mas só arrancou a carreira a sério em 2006. Os nomes dizem–se da mesma forma mas um é Sousa, o outro é Souza. Para os adeptos nacionais, é fácil perceber qual é qual, lá fora nem tanto. Mas ontem, quando os dois entraram em campo na primeira ronda do torneio ATP 250 de Genebra, não foi possível confundi-los. Muitas vezes há adversários que parecem surgir semana sim semana não, mas este duelo de tenistas homófonos foi o primeiro da história. E a vitória sorriu ao português, com 7-5 e 6-3.

A exibição, em 1 hora 26 minutos, deu excelentes indicações para o futuro. Depois de um início em que os dois trocaram jogos de serviço, João Sousa aproveitou para garantir a vitória no primeiro parcial após alcançar três pontos para quebra de serviço. Souza anulou o primeiro mas vacilou no segundo e abriu caminho para que o tenista de Guimarães partisse para a vitória de forma fácil.

Os dados estatísticos são esmagadores a favor de Sousa. Sem cometer qualquer dupla falta durante o encontro – contra as cinco do rival –, Sousa destacou-se especialmente por não ceder sequer qualquer oportunidade de quebra ao adversário e por ter vencido 93% dos pontos disputados no primeiro serviço durante o segundo set (14 em 15). Em relação ao primeiro factor, o tenista garantiu não se lembrar se alguma vez o fez no passado. “Mas isso só demonstra que consegui servir a um bom nível durante todo o encontro. Senti-me bem. Nem sempre é fácil disputar o primeiro encontro de um torneio, mas penso que soube gerir bem a situação com uma boa táctica e um nível de jogo. Sem dúvida que depois de vencer o primeiro set consegui soltar-me um pouco e joguei melhor”, afirmou, citado pelo “Público” na sua edição online.

Os 86 minutos de encontro exigiram uma concentração máxima a todos os envolvidos, sobretudo ao árbitro. Habitualmente o anúncio dos pontos é feito com o resultado seguido do apelido do jogador, mas neste caso limitar-se a dizer Sousa/Souza não era suficiente. Por isso mesmo, a opção de Manuel Messina passou por levar a nacionalidade atrás, com “Sousa Portugal” ou “Souza Brasil”, dando um ar de Taça Davis ao jogo.

A competição por selecções teve um impacto negativo forte na temporada de João Souza. No primeiro fim-de--semana de Março o tenista brasileiro defrontou Leonardo Mayer num encontro que durou seis horas e 43 minutos – a mais longa partida de singulares da competição, com 6-7, 6-7, 7-5, 7-5 e13-15 – e nunca mais voltou a vencer uma partida. Desde então foi eliminado à primeira nos torneios de Miami, Houston, Barcelona, Munique, Madrid, Roma e Genebra.

O contexto não era o mais favorável para Souza e a exibição sólida do português só ajudou a que a diferença fosse maior ainda. No segundo set chegou rapidamente ao 5-2, ainda desperdiçou um ponto de encontro no serviço do adversário, e fechou o encontro com 7-5 e6-3. Agora o próximo adversário será Jürgen Melzer. O tenista austríaco, 104.o do ranking ATP, garantiu a presença na segunda ronda ao derrotar o bósnio Damir Dzumhur (87.o)por 6-2 e 6-3.

João Sousa e Jürgen Melzer já se defrontaram em três ocasiões, com o balanço a sorrir ao português (2-1). Na mais importante, nas meias-finais de Kuala Lumpur, Sousa venceu por 6-4, 3-6 e6-4 a caminho da primeira e única vitória de um tenista nacional num torneio ATP. “Os dois jogámos a um nível altíssimo, além de ter acabado o encontro com uma das melhores bolas da minha vida. É muito experiente no circuito, já esteve no top 20 e é sem dúvida um excelente jogador”, afirmou João Sousa. Com esse.