Nos dois anos de glória de José Mourinho no FC Porto, André Villas-Boas era um dos seus assistentes. Uns anos mais tarde, quando chegou à cadeira de sonho e também conquistou quase tudo, Vítor Pereira era o seu adjunto. Mais tarde, o agora treinador do Olympiacos também teve a sua quota de sucesso pelo FC Porto.
Esta temporada, quem deu o mote foi Vítor Pereira, que a 19 de Abril, mesmo sem que o seu Olympiacos tivesse de entrar em campo, cortesia de um deslize do Panathinaikos, foi o primeiro dos treinadores portugueses na Europa a sagrar-se campeão. Mas há muito que parecia certo que Vítor Pereira ia triunfar na sua primeira experiência na Europa, fora de Portugal. E não seria o único, nessa mesma onda de crenças, a julgar pelo avanço que o Chelsea de José Mourinho, o Zenit de André Villas-Boas e o Basileia de Paulo Sousa levavam no campeonato.
José Mourinho adiantou-se e foi o segundo a ser coroado campeão, a 3 de Maio, após uma vitória por 1-0 sobre o Crystal Palace. Por esta altura, era um dado adquirido que André Villas-Boas e Paulo Sousa iriam pelo mesmo caminho. Quis o destino que a festa de ambos os portugueses acontecesse no mesmo dia, neste domingo. Com poucas horas de diferença, o Zenit, apesar de oficialmente jogar fora, recebeu o Ufa e garantiu o empate a uma bola, que deu ao clube a sua quarta liga russa, quinta se contarmos com o campeonato da União Soviética, de 1984.
O Zenit sabia que o empate bastava para garantir o título e, temendo que a festa perdesse alguma dimensão, propôs ao adversário que o jogo se disputasse em sua casa. O Ufa, que luta pela permanência na principal liga russa, nem pestanejou com a hipótese de encaixar o valor de mais de 20 mil bilhetes, muito mais do que se acolhesse o jogo em que Hulk inaugurou o marcador e Haris Handzic empatou perto do apito final. O resultado não se alterou mais e acabou por ser o suficiente para o Zenit e André Villas-Boas fazerem a festa.
Quatro anos depois da temporada de 2010/11, em que André Villas-Boas se deu a conhecer ao mundo, conquistando a Supertaça – referente ao ano anterior –, o campeonato, a Taça de Portugal e a Liga Europa, o treinador português voltou aos títulos. Se em Inglaterra as coisas não correram bem, tanto no Chelsea, que no ano em que Villas-Boas por lá passou ainda venceu a Taça de Inglaterra e a Liga dos Campeões, e no Tottenham, na Rússia a história foi outra. O treinador português chegou ao Zenit perto do final da temporada passada, à 22ª jornada, chegou ao comando da liga russa, mas acabou por cair para o segundo lugar. Este ano a história foi diferente e, quase desde o início, o Zenit liderou o campeonato com uma vantagem confortável, permitindo a André Villas-Boas festejar o título a duas jornadas do fim do campeonato. Ufa!