Empreendedorismo na escola pública


A Religião e Moral do séc. XXI transformada em disciplina obrigatória desde o ensino básico.


Há palavras que se gastam. Deturpam. Esvaziam. Caem no léxico de todos, para transmitir tudo e o seu contrário. É nesse momento que ganham o significado ideológico que lhes é atribuído pelo poder dominante. Estes fenómenos sucedem cada vez mais recorrentemente numa sociedade que se pretende submissa. Não esquecendo a repetida “sustentabilidade” ou “requalificação”, este escrito trata o “empreendedorismo”.

É com esta cartilha que uma instituição, a Junior Achievement Portugal – promovida pelas grandes empresas privadas a operar em Portugal e cujo mote é “Não se nasce empreendedor. Aprende-se” –, irrompe nas escolas públicas de Lisboa. Com carácter obrigatório, e sem que os pais possam declarar objecção de consciência, o Estado prostitui--se providenciando às grandes empresas de capital disperso pelo mundo a melhor plataforma de doutrinação ideológica de qualquer sociedade: a escola.
A partir da ideia de “empreendedorismo” que veiculam, a criança é violentamente doutrinada de que o desemprego é culpa do desempregado que não é suficientemente empreendedor, que a escolha da profissão deve ser feita pela análise do mercado e não pela vontade ou apetência de cada um, que o conhecimento não é um gosto mas um meio para atingir um fim, enfim, que se deve parecer em vez de ser, descobrir e pensar.

A Junior Achievement Portugal reproduz uma estratégia de preparação da criança para a guerra santa dos mercados. Coloca-se no meio do saber, do conhecimento e da aprendizagem para recrutar os seus guerreiros do futuro. A defesa da escola pública, da liberdade de escolha, da construção do carácter dos nossos filhos enquanto seres pensantes passa por afastar da escola estas seitas extremistas de doutrinação avançada.

Escreve à segunda-feira

Empreendedorismo na escola pública


A Religião e Moral do séc. XXI transformada em disciplina obrigatória desde o ensino básico.


Há palavras que se gastam. Deturpam. Esvaziam. Caem no léxico de todos, para transmitir tudo e o seu contrário. É nesse momento que ganham o significado ideológico que lhes é atribuído pelo poder dominante. Estes fenómenos sucedem cada vez mais recorrentemente numa sociedade que se pretende submissa. Não esquecendo a repetida “sustentabilidade” ou “requalificação”, este escrito trata o “empreendedorismo”.

É com esta cartilha que uma instituição, a Junior Achievement Portugal – promovida pelas grandes empresas privadas a operar em Portugal e cujo mote é “Não se nasce empreendedor. Aprende-se” –, irrompe nas escolas públicas de Lisboa. Com carácter obrigatório, e sem que os pais possam declarar objecção de consciência, o Estado prostitui--se providenciando às grandes empresas de capital disperso pelo mundo a melhor plataforma de doutrinação ideológica de qualquer sociedade: a escola.
A partir da ideia de “empreendedorismo” que veiculam, a criança é violentamente doutrinada de que o desemprego é culpa do desempregado que não é suficientemente empreendedor, que a escolha da profissão deve ser feita pela análise do mercado e não pela vontade ou apetência de cada um, que o conhecimento não é um gosto mas um meio para atingir um fim, enfim, que se deve parecer em vez de ser, descobrir e pensar.

A Junior Achievement Portugal reproduz uma estratégia de preparação da criança para a guerra santa dos mercados. Coloca-se no meio do saber, do conhecimento e da aprendizagem para recrutar os seus guerreiros do futuro. A defesa da escola pública, da liberdade de escolha, da construção do carácter dos nossos filhos enquanto seres pensantes passa por afastar da escola estas seitas extremistas de doutrinação avançada.

Escreve à segunda-feira