Os estudantes, que já avançaram com uma petição pública que conta com quase 3.000 assinaturas, vão manifestar-se às 14:00, na quinta-feira, altura em que se vai realizar a habitual garraiada no Coliseu Figueirense. Está também prevista a presença de elementos do partido Pessoas Animais Natureza (PAN), disse Ana Bordalo, estudante e membro do movimento Queima das Farpas.
"Há pontapés e há murros. Se fosse um cão, ninguém fazia aquilo", disse à agência Lusa Ana Bordalo, considerando que é "absolutamente ridículo" pensar-se que, por ser apenas um garraio, "o animal não sofre".
Na garraiada, "há sofrimento. O simples puxão no rabo do animal pode levar a uma fratura", sublinhou, referindo que esse facto é "uma consequência comum" neste tipo de eventos tauromáquicos.
Segundo aquela estudante de Direito, a garraiada "já vem de há muito tempo, numa altura em que isto era encarado como um divertimento inocente", quando hoje se sabe que "não é nada inocente".
"Somos estudantes universitários e não faz sentido que em 2015 isto esteja ligado à nossa academia", criticou a estudante, frisando que o movimento Queima das Farpas pretende essencialmente sensibilizar e consciencializar a comunidade académica e coimbrã.
Na petição lançada pelo movimento, lê-se que "Coimbra tem mais encanto sem sangue na despedida" e que a Queima das Fitas deveria acabar com esta "actividade obsoleta", que promove uma "cultura que ritualiza e glorifica exercícios de domínio, de subjugação e de violência".
O Dux Veteranorum da Universidade de Coimbra, que preside ao Conselho de Veteranos, João Luís Jesus, disse à Lusa que, apesar de respeitar a posição do movimento de estudantes, a garraiada vai continuar por ser um evento que, "dentro da Queima das Fitas, movimenta milhares de pessoas".
"O facto de estar praticamente lotado significa que há uma percentagem elevadíssima de pessoas que querem ir à garraiada e querem que ela exista", realçou.
Para José Luís Jesus, "quando a academia deixar de participar na garraiada, deixa de haver", mas observa que, actualmente, "passa-se o oposto".
Sobre o sofrimento infligido aos animais, o Dux de Coimbra apenas referiu que não tem conhecimentos para comentar, não sabendo o que "a garraiada tem de bom ou de mau".
Lusa