Passos diz que criou 130 mil mas há menos 29 mil empregos desde 2013

Passos diz que criou 130 mil mas há menos 29 mil empregos desde 2013


Seis em cada dez trabalhadores por conta de outrem ganham menos de 900 euros brutos/mês.


Total de empregos na economia portuguesa em Março deste ano:4,47 milhões. Total de empregos na economia portuguesa no segundo trimestre de 2013:4,5 milhões. Criação líquida de emprego:–28,5 mil. Passos Coelho, ontem, na Assembleia daRepública:“Nos últimos oito trimestres [do segundo de 2013 ao primeiro de 2015], o número de empregos criados é já bastante sensível, anda muito próximo dos 130 mil postos de trabalho.”  

A que se referia então o primeiro-ministro?Talvez fale apenas da criação bruta de empregos, esquecendo na equação os postos de trabalho destruídos, parcela que levaria as contas a mostrar o verdadeiro cenário:desde que o actual governo iniciou funções, no Verão de 2011, há menos 376,6 mil pessoas com emprego em Portugal.

Os números relativos ao mercado laboral, aliás, continuam a deteriorar-se:entre Janeiro eMarço deste ano, e em comparação com o trimestre anterior a economia perdeu mais 14,5 mil empregos, viu o desemprego subir para 13,7%, mais 0,2 pontos percentuais, tendo ainda mais jovens desempregados, tendo esta taxa subido de 24% para 24,4%. Em termos homólogos, a taxa registou uma quebra de 1,4 pontos percentuais, face aos 15,1% de Março de 2014.

No final de Março ainda se contavam 2,2 milhões de trabalhadores por conta de outrem com salários inferiores a 900 euros brutos mensais. Os dados sobre a evolução do mercado de trabalho no início de 2015 foram ontem revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo os dados do INE, no final de Março a economia portuguesa contava com uma população empregada de 4,47 milhões, dos quais 3,6 milhões a trabalhar por conta de outrem. É neste universo que é possível ter uma ideia da pirâmide salarial portuguesa:entre os 3,6 milhões de trabalhadores por conta de outrem há 2,2 milhões (60,4%) que ganham menos de 900 euros brutos por mês:são 151 mil a ganhar menos de 310 euros mensais, 1,02 milhões a ganhar entre 311 e menos de 600 euros brutos e outros 1,02 milhões com salários entre os 601 e inferiores a 1200 euros brutos.

Nos primeiros três meses de 2015 foram as regiões do Algarve e do Alentejo as que mais contribuíram para a subida do desemprego, com saltos trimestrais de 1,5% e 1% respectivamente na taxa regional – de 14,9% para 16,4%no Algarve e de 14,5% para 15,5%no Alentejo. Oterceiro pior registo regional coube a outro destino muito turístico, a Madeira, que viu o desemprego subir de 15,1% para 15,8%.

A norte, o desemprego permaneceu inalterado nos 14,2% e na Área Metropolitana deLisboa cresceu ligeiramente, para 14,2%. Cabe aosAçores ser a excepção no cenário de agravamento do desemprego:a região autónoma viu a população desempregada recuar de 15,5%para 14,9%.

Mulheres:Fosso cresce mais Analisando os dados por sexo, conclui-se que ao longo de 2014 a economia portuguesa ficou mais discriminatória:se no início do ano passado o desemprego feminino estava apenas ligeiramente acima do masculino – 15,2% vs. 15,1% –, no início deste ano a diferença disparou:há 13,1% de desemprego entre os homens e 14,4% entre as mulheres.