Um dos dois tripulantes do veleiro francês resgatados esta quinta-feira depois de estar desaparecido desde a madrugada a cerca de 500 milhas náuticas a Sul dos Açores morreu, disse à Lusa o porta-voz da Marinha Portuguesa.
Paulo Vicente adiantou que a vítima mortal é uma rapariga de seis anos que tinha sido resgatada durante a manhã, juntamente com o pai, e que “não resistiu aos efeitos provocados pela longa permanência na água”.
Inicialmente, foi divulgado que os dois náufragos eram pai e filho, mas a Marinha rectificou agora que se trata de uma rapariga, filha do casal do veleiro francês 'Reves D’o'.
Segundo a mesma fonte, pai e filha estiveram na água desde as 2h de quarta-feira, em pleno oceano Atlântico, com coletes vestidos, depois de o veleiro em que viajavam se ter afundado, numa altura em que o navio mercante Yuan Fu Star, com pavilhão de Hong Kong, já se encontrava prestes a fazer o resgate.
Paulo Vicente adiantou que, tanto o pai como a filha, depois de resgatados, foram transportados para o navio hospital espanhol 'Esperança del Mar', onde foram assistidos, mas a criança acabou por falecer.
O capitão do porto de Ponta Delgada, Matos Nogueira, disse à Lusa que são ainda desconhecidas as causas da morte da menina, mas que "muito provavelmente resultaram do estado de hipotermia" com que foi retirada da água.
A Marinha Portuguesa resgatou entre quarta-feira e hoje 14 pessoas de cinco veleiros que se encontravam a navegar a 500 milhas a sul dos Açores, depois de um pedido de auxílio devido às condições meteorológicas adversas, com ondas de dez metros.
O Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta Delgada (MRCC Delgada) começou a receber os pedidos de ajuda dos veleiros em questão cerca das 2h de quarta-feira (1h em Lisboa), em virtude das condições meteorológicas “muito adversas” que se faziam sentir no oceano Atlântico e que comprometiam a navegação de embarcações de menor porte.
As missões de salvamento tiveram início com o MRCC Delgada a accionar os meios de socorro, nomeadamente duas aeronaves C-295M e um helicóptero EH-101 Merlin, da Força Aérea Portuguesa (FAP), e ainda uma aeronave C-130J da Guarda-Costeira norte-americana.
Durante o dia de quarta-feira e a madrugada desta quinta-feira tiveram sucesso quatro missões, tendo sido recolhidos todos os tripulantes dos veleiros em perigo.
Dois dos tripulantes – a mãe e o filho – foram resgatados depois de terem conseguido entrar para o bote salva-vidas, enquanto os outros dois – pai e filha – saltaram para a água e estiveram desaparecidos durante algumas horas até serem resgatados depois de terem sido avistados e entrado numa balsa lançada pelo helicóptero da Força Aérea.
Os cinco veleiros eram originários da França, Holanda, Noruega, Suécia e EUA e estavam de regressavam à Europa, explicou a relações públicas da Marinha portuguesa, que desconhecia se os veleiros estavam a viajar juntos.
Segundo o comunicado publicado na página da Marinha, quatro dos primeiros tripulantes resgatados foram recuperados pelo helicóptero EH-101 da FAP “numa exigente missão”, que durou cerca de 12 horas, “sob ventos na ordem dos 50 nós (cerca de 90 km/h) e ondulação de 10 metros, que muito dificultaram a operação de resgate”.
Os outros quatro tripulantes foram recolhidos por dois navios mercantes, dirigidos para local pelo MRCC Delgada.
Estes meios encontravam-se nos Açores, no âmbito do exercício de busca e salvamento SAREX 15, que foi entretanto suspenso face ao empenhamento dos meios aéreos nas cinco missões reais.
Lusa