Greve na TAP


Concordo que se trata de uma greve imprópria de trabalhadores sérios e com responsabilidades sociais e económicas incompatíveis com as de quem tem uma função essencial numa empresa


Já muito se escreveu e afirmou sobre a recente greve dos pilotos da TAP.

Concordo que se trata de uma greve imprópria de trabalhadores sérios e com responsabilidades sociais e económicas incompatíveis com as de quem tem uma função essencial numa empresa.

Percebe-se agora, aliás, que a própria greve é um negócio de centenas de milhares de euros para alguns dos seus intervenientes; o interesse individual acima de tudo, o colectivo pode esperar.

Não podemos, no entanto, ignorar – também – a responsabilidade das sucessivas administrações da empresa e dos governos.

Na verdade, os pilotos habituaram-se a ter opositores fracos e especialmente defensores da “cultura do dia seguinte”: por um lado, o passado não interessa, sendo que é passado tanto o dia de ontem como o de hoje; por outro, o dia seguinte é o mais relevante, mas nunca o dia posterior ao dia seguinte. Os resultados falam por si, sendo a opção pelo imediatismo em detrimento do médio e longo prazo claramente danosa para o interesse público.

Basta recordar o que aconteceu em 1999, quando a administração da TAP fez um acordo com o Sindicato dos Pilotos (SPAC), com o apoio do governo, em que estes teriam uma quota especial e reservada de acções em caso de privatização.

Mesmo perante a manifesta ilegalidade do acordo, os interlocutores dos pilotos foram cedendo, sempre na expectativa de comprar a paz na empresa. Não perceberam, no entanto, que a lei é o limite; o outro, é não satisfazer os caprichos de quem quer ser dono da empresa, sem os custos inerentes de ser proprietário.

Talvez agora tenham percebido, da pior maneira para todos nós.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa

Escreve à quarta-feira


Greve na TAP


Concordo que se trata de uma greve imprópria de trabalhadores sérios e com responsabilidades sociais e económicas incompatíveis com as de quem tem uma função essencial numa empresa


Já muito se escreveu e afirmou sobre a recente greve dos pilotos da TAP.

Concordo que se trata de uma greve imprópria de trabalhadores sérios e com responsabilidades sociais e económicas incompatíveis com as de quem tem uma função essencial numa empresa.

Percebe-se agora, aliás, que a própria greve é um negócio de centenas de milhares de euros para alguns dos seus intervenientes; o interesse individual acima de tudo, o colectivo pode esperar.

Não podemos, no entanto, ignorar – também – a responsabilidade das sucessivas administrações da empresa e dos governos.

Na verdade, os pilotos habituaram-se a ter opositores fracos e especialmente defensores da “cultura do dia seguinte”: por um lado, o passado não interessa, sendo que é passado tanto o dia de ontem como o de hoje; por outro, o dia seguinte é o mais relevante, mas nunca o dia posterior ao dia seguinte. Os resultados falam por si, sendo a opção pelo imediatismo em detrimento do médio e longo prazo claramente danosa para o interesse público.

Basta recordar o que aconteceu em 1999, quando a administração da TAP fez um acordo com o Sindicato dos Pilotos (SPAC), com o apoio do governo, em que estes teriam uma quota especial e reservada de acções em caso de privatização.

Mesmo perante a manifesta ilegalidade do acordo, os interlocutores dos pilotos foram cedendo, sempre na expectativa de comprar a paz na empresa. Não perceberam, no entanto, que a lei é o limite; o outro, é não satisfazer os caprichos de quem quer ser dono da empresa, sem os custos inerentes de ser proprietário.

Talvez agora tenham percebido, da pior maneira para todos nós.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa

Escreve à quarta-feira