Barça-Bayern. “Impossível” é não se curvar perante Messi

Barça-Bayern. “Impossível” é não se curvar perante Messi


Guardiola deixa Camp Nou com uma derrota por 3-0. Treinador avisara que “é impossível parar Messi”.


Moltes graciès. Barcelona é a casa do futebolista mais talentoso da galáxia. Não pode haver dúvidas quando o pequeno 10 argentino arrasa uma equipa como o Bayern com tamanha classe. Não conseguiríamos descrever por palavras a jogada em que deitou (repare que é além do sentar um defesa)_Boateng e obrigou a bola a uma bela curva para contornar o gigante Neuer. Antes, com uma precisão incrível, fora o primeiro a marcar aos bávaros de fora da área nesta edição da Liga dos Campeões. “Nesta forma, é impossível parar Messi”, tinha sido o prenúncio de Guardiola na antevisão do Barcelona-Bayern. O_treinador que tão bem o conhece saiu do emocionante regresso a Camp Nou derrotado pela genialidade de um talento que não parece deste mundo. Só não merecia o 3-0 de Neymar ­– num passe mortífero de Messi –, que deixa o Bayern numa situação muito complicada para a segunda mão das meias-finais.

Calhou que esta edição especial de aniversário tivesse uma crónica a um jogo também ele tão especial. Não só pelo ansiado retorno de Pep a casa, mas sobretudo pelos 90 minutos de luxo para qualquer amante do futebol. Falamos da naturalidade com que Messi move a bola, como um miúdo no recreio da escola que finta os colegas que lhe aparecem à frente; ou dos passes de Iniesta; ou da recepção de Lewandowski na primeira parte; ou do muro em que o corpo de Neuer se transforma quando alguém se isola; ou da qualidade de quem, nos bancos, preparou as estratégias para anular o adversário. Isto é o pináculo do presente da modalidade, uma final antecipada desta Champions 2014/15.

“Não há sistema defensivo que trave o talento.” Mais uma vez Guardiola acertou em cheio. E pouco mais podia fazer. Conseguiu que o Bayern o travasse durante 77 minutos. Os alemães estiveram perto de sair de Camp Nou com um 0-0 e excelentes perspectivas de resolver a eliminatória em Munique. Costuma-se dizer que nesta fase adiantada da prova, mais do que as tácticas, são os detalhes que resolvem os jogos. Este só podia ser desempatado em nano-detalhes, tal a qualidade futebolística dos oponentes. Foi aí que entrou Messi. Não é só impossível pará-lo. É impossível não se curvar perante a genialidade do 10 argentino. Do outro lado estavam vários campeões do mundo em 2014. Para ele é indiferente. A bola acaba sempre na baliza contrária.

O_encontro em Camp Nou foi também um confronto entre semelhantes ideias de jogo de Luis Enrique e Pep Guardiola desenvolvidas durante anos em La Masia. Primeiro como jogadores do Barça, mais tarde como treinadores. Quem teria mais bola entre as duas equipas com mais posse de bola na prova? O_treinador do Bayern estudou ao detalhe o adversário. Tentou ter superioridade no centro do terreno, desde sempre uma das bases do seu jogo, e durante muito tempo conseguiu adiar a explosividade deste Barça. Não é uma equipa qualquer que faz isto, ao mesmo tempo que tem mais bola que os catalães – não acontecia desde 2006!) –, até sem os seus elementos mais desequilibradores (Robben e Ribèry). Porém, tal como na meia-final do ano passado contra o Real Madrid, ter a bola não serviu de muito. Pep já devia ter aprendido a lição.

Ambas as equipas pressionavam junto à área adversária e saíam a jogar sempre com passes curtos e jogo apoiado. Um luxo, voltamos a repetir. O_Barcelona ganhava vantagem pela mobilidade, rapidez e capacidade de explosão do trio Messi-Suárez-Neymar e conseguia ter as melhores ocasiões de golo. Neuer foi adiando o golo dos catalães, enquanto do outro lado Lewandowski falhava de forma incrível na cara de Ter Stegen.

Quando as trocas de bola alemãs chegavam ao meio-campo contrário, a superioridade numérica era sempre do Barça. Mas a meio da segunda parte o ritmo abrandou um pouco e o Bayern acreditou que conseguiria travar o rival. Por esta altura, só o Barcelona conseguia rematar à baliza. Por isso, quando Messi decidiu resolver sozinho o jogo, mais não fez do que entregar a vitória a quem a merecia.

Com o bis, o argentino ultrapassou Ronaldo como o melhor marcador da Champions (77 golos). Depois ofereceu o 3-0 a Neymar, que pode ter sentenciado a eliminatória. Messi não voltou a falar com Guardiola desde que este saiu do clube. Ontem fez-lhe uma grande maldade. O_Barça está muito perto da final, o Bayern precisa de fazer um jogo perfeito como contra o_FC Porto na Allianz Arena para poder sonhar. Mas não se pode esquecer que terminou os 90 minutos em Espanha sem um remate na direcção da baliza.