“Senhor João Vieira Pereira. Saberá que, em tempos, o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas. Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem não conhece? Com não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a seu respeito. António Costa”.
Esta foi a mensagem de texto que João Vieira Pereira diz terlhe sido enviada pelo secretário-geral do PS em reacção à sua crónica “Perigosos desvios do PS à direita”, em que acusava Costa de “falta de coragem” e “ausência de pensamento político consistente”, numa análise ao relatório “Uma década para Portugal”, apresentado pelos socialistas.
Na sua crónica de hoje "É a liberdade, António Costa", Vieira Pereira diz que hesitou em publicar o SMS de Costa e que só o fez depois de consultar “os camaradas da direcção do Expresso” dirigido por Ricardo Costa, irmão do líder dos socialistas.
“Nunca fui atacado ou me senti tão condicionado por alguém com responsabilidades políticas ou públicas. Nem à esquerda nem à direita. Nunca um secretário de Estado, um ministro ou um prinmeiro-ministro, putativo ou em exercício, me dirigiu tais palavras”, queixa-se o director-adjunto do semanário.
E termina: "A António Costa, a quem não pedir desculpa por existir, peço desculpa pelo incómodo de ser jornalista."