Alunos. Eles explicam como escolher o curso


Os alunos procuram acima de tudo informação. Ajudados pelas escolas ou pela internet ou ajudados por universitários e profissionais a ficar com uma visão mais realista do futuro.


Eric Herji estava no secundário quando foi pela primeira vez ao Instituto Superior Técnico (IST), numa visita organizada pela escola. “Achei que era o pior sítio do mun- do”, recorda. “Visitámos uma cave escura no pavilhão de Mecânica num dia de chu- va. As pessoas saíam de lá com um ar cabis- baixo e eu pensei: vou sair daqui louco.” O estudante, agora com 20 anos, não vol- taria ao IST até lá ficar colocado e não se deixou iludir pelas aparências. “O que li acabou por pesar mais que aquilo que vi porque procurei muita informação e não me fiquei pelas primeiras impressões.”

Eric frequenta o 3.o ano de Engenharia Electrotécnica e de Computadores e está contente com a escolha. No 9.o, quando teve de decidir entre Gestão/Economia (área para a qual tinha mais aptidão, segun- do os testes psicotécnicos) e Ciências/Enge- nharias, acabou por escolher a que domi- nava menos: Engenharia: “Era um desa- fio maior.” Não sabia que profissão queria ter, mas era definitivamente a área de que gostava.

E como escolheu o curso? A internet foi uma boa ajuda. Mais centrado em com- petências a desenvolver que numa profis- são concreta, elegeu primeiro a melhor faculdade, segundo o que lia nas notícias e em função das perspectivas de empre- gabilidade: “Só depois escolhi o curso.” O professor de Geometria Descritiva e um tio que já tinha frequentado o curso tiveram influência na decisão.

Há quem defina mais cedo as profissões que gostaria de ter e Ana Madureira é uma dessas pessoas. Dar aulas de Matemática seria um dos caminhos possíveis, mas a falta de emprego levou-a a mudar de ideias. Depois julgou que poderia fazer investi- gação na área das Engenharias, mas deci- diu-se pela Medicina. “Acho que fui influenciada pelas séries de televisão, como ‘Serviço de Urgência’ e ‘House’”, conta a estudante de Marco de Canaveses. Deixou-se fasci- nar pela ideia de compreender o puzzle do corpo humano. Conseguiu entrar no curso à terceira, no Santa Maria, em Lis- boa. E não foi no secundário, que comple- tou em Alpendorada, que se informou sobre as opções. “A minha escola não divul- gava nada”, critica. Foram os tios, dois pro- fessores, que a ajudaram a pesquisar cur- sos e médias e um amigo da mãe, médi-co, falou-lhe “de forma breve” sobre a área.

“O mais difícil é encontrar profissionais das nossas áreas de interesse para conver- sar e apresentar dúvidas”, concorda Sofia Bandeira Costa, de 17 anos e aluna do 12.o A estudante do Colégio São João de Brito, em Lisboa, soube no 8.o ano que queria seguir Direito e por isso fez o trabalho de casa logo no 9.o Por iniciativa própria, foi a um dia aberto da Universidade Católica, onde conhecia uma professora, e pôde ter uma aula de Direito, “muito útil para perceber como a faculdade funciona”. Através do colégio visitou a Futurália, a maior feira nacional de Educação, que acontece em Março na FIL. Durante esse ano conversou com o máximo de pessoas que conseguiu – de alunos a ex-alunos pas-sando por advogados, juristas, diploma- tas, professores e familiares. De tal forma que quando chegou ao 12.o só lhe faltava escolher a faculdade.

Acabou por se decidir pela Católica, pela “maior proximidade” professor-aluno e pela oferta internacional. Sofia está con- vencida de que as escolas poderiam fazer mais para orientar os alunos: “Com tanto tempo livre no horário do 12.o ano, podia existir uma disciplina só para esclarecer dúvidas relacionadas com o ensino supe- rior ou profissional.” Este ano, por exem- plo, havia um prazo para pedir a password no site da DGES que permite fazer a can- didatura ao ensino superior mais tarde e ninguém a informou: “Se não fosse um colega a avisar à última hora, teríamos ficado sem a senha.”