O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu esta quarta-feira que a recuperação económica de Portugal poderá ser “mais vigorosa” nos próximos anos, mas alertou que tal depende das “escolhas políticas” e “do dia-a-dia” que forem feitas.
“É com realismo que lhes digo que, se soubermos manter aquilo que tem sido a nossa persistente recuperação, não há nenhuma razão para pensar que não estaremos em condições, nos próximos anos, de assistir a uma recuperação mais vigorosa da economia em Portugal”, afirmou.
Isto porque o país, este ano e no próximo, tem a possibilidade de “aproveitar bem as condições de conjuntura” disponíveis, continuou Pedro Passos Coelho, que discursava em Beja, na sessão solene de abertura da feira agro-pecuária Ovibeja.
Condições que, enumerou, passam por “um euro mais competitivo, associado também a taxas de juro de longo prazo mais baixas que ajudam o investimento e a reciclar uma parte do custo da dívida passada”, e “um preço do petróleo que ajuda bastante” à recuperação económica.
E existe ainda, “durante estes anos, um plano de investimentos estratégicos à escala europeia” que vai ajudar “a completar o esforço de investimento que a banca comercial não acharia tão convidativo nos anos anteriores”, acrescentou.
“Dispomos, portanto, de boas condições, nesta conjuntura, para poder aliviar um pouco o fardo da nossa dívida, atrair mais e melhor investimento, apostar nas qualificações, apostar muito na ligação entre os centros tecnológicos de investigação e as nossas empresas, para poder acrescentar valor e progredir no país nos próximos anos em matéria de recuperação económica”, afirmou.
Mas a concretização deste cenário “depende estritamente” de o país saber “aproveitar bem estas oportunidades”, as quais “não vão durar sempre”, segundo o primeiro-ministro.
“Faz sentido não desperdiçar as oportunidades que temos hoje, como já no passado desperdiçámos. Mas, se de alguma coisa nos serve a experiência e a história, é justamente para não repetir os mesmos erros. E eu creio que hoje em Portugal se atribui muito mais importância a essa observação”, disse.
Nos próximos anos, tem de se conseguir “colocar Portugal fora da zona de aperto, fora de uma zona em que a pressão que é colocada em função dos ciclos económicos seja maior”, o que “só depende das escolhas”.
“Não falo apenas das escolhas políticas, evidentemente, falo também das escolhas no dia-a-dia”, realçou Passos Coelho, que defendeu que os apoios europeus até 2020 têm de “render e render bem”.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro disse ainda que, no passado, antes do executivo do PSD/CDS-PP, foram realizados “alguns investimentos que não foram pensados de forma programada”, como é o caso do Aeroporto de Beja.
Já durante a visita à feira, questionado pelos jornalistas a propósito do cenário macroeconómico do PS, o primeiro-ministro considerou o documento “um sinal muito positivo”.
“O Governo apresentou também o seu cenário macroeconómico, o seu programa de estabilidade que vai até 2019”, cujas opções “foram auditadas”, e “é importante que o PS, que apresenta um projecto alternativo, possa também dizer o que é que propõe”, afirmou.
Lusa