Ainda há razões para sorrir quando se tem em mãos um livro para pintar e rabiscar, mesmo que a fase das primeiras descobertas já tenha ficado para trás. “Dizem que é terapêutico”, afirma Joana Sobral das Edições HiHiHi, que publica livros de colorir e desenhar e de arquivo, onde colocam as mesmas perguntas à mesma criança nos diferentes anos da sua infância. As crianças são o público preferencial, mas não o único, até porque aqui aposta-se em ilustrações que não sejam demasiado infantis. “Os livros de colorir também são adquiridos por pessoas mais velhas, não atingem só um público mais novo”.
Foi deste tipo de publicações que partiu a ideia de criar as Edições HiHiHi, formada por um grupo de designers, do ateliê Vivóeusébio, antigos colegas de faculdade, que decidiram juntar os contributos de colegas ilustradores com quem gostariam de trabalhar, para apostar num conceito diferente. A Joana Sobral, Andreia Almeida, João Silva, Rafael Lourenço e Mónica Oliveira, que trabalha a partir de Londres, associaram-se os ilustradores João Fazenda e Maria Remédio e, mais recentemente, Teresa Cortez e o colectivo Cãoceito.
“Muito descomprometidamente pensámos: por que não criar um conjunto de livros que gostássemos de fazer e ilustrar? A ideia surgiu-nos pelo livro de colorir, porque achávamos que eram sempre livros muito desinteressantes, que eram objectos pouco cuidados ou que muitos desenhos eram demasiado infantis”, explica Joana Sobral. Paralelamente, o grupo começou também a desenvolver os livros de arquivos, a que chamaram “Caderno das Respostas”, que faz as mesmas perguntas à mesma criança, dos 3 aos 10 anos e que inclui algumas actividades lúdicas características de cada idade. Também aqui a equipa recuou à própria infância para se inspirar nas perguntas que lança à pequenada.
“Nós fazemos muitas vezes essas perguntas: como é que era quando tinha quatro ou cinco anos, o que é eu gostava mais, o que é que queria ser quando fosse grande quando tinha cinco anos, e que aos 10 anos mudava completamente”, lembra a designer. Com o “Caderno de Resposta”, reeditado este mês, a ideia foi agregar perguntas chave que mostram a evolução do que a criança vai pensando sobre determinados temas à medida que vai crescendo. “Como se no futuro olhássemos para trás e quiséssemos perceber quem eram os nossos amigos na altura, o que nos fazia mais feliz, o que nos fazia mais infeliz, do que é que tínhamos medo.”
Publicações Apesar do ateliê Vivóeusébio existir desde 2006, as Edições HiHiHi são um produto relativamente recente. Começaram em Dezembro do ano passado, e este mês lançaram dois números novos, além da reedição do “Caderno das Respostas”. O objectivo, segundo Joana Sobral, é que haja uma periodicidade mais regular de publicação. “A ideia é fazer três a quatro lançamentos por ano de livros novos. Já estamos a desenvolver outro livro para a colecção dos livros de arquivo, com um tema novo. Por enquanto só temos essas duas vertentes, o que não quer dizer que no futuro não possamos adoptar outro tipo de formato.”
Os números disponíveis até ao momento já dão para, miúdos e graúdos, fazerem o gosto ao dedo e darem largas às cores da imaginação. Ou até, no caso dos mais velhos, desafiarem a memória e conferirem o caminho traçado na infância com o de hoje.
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