Falta um mês para a data redonda, mas os festejos começam agora, com este lançamento: um livro que é como um álbum de fotografias da família; não há primos nem tios em terceiro grau, nada disso. São galáxias, planetas, estrelas e aglomerados químicos. Distantes mas cada vez mais próximos, e é aí que está o encanto da coisa.
Há 20 anos as imagens dos Pilares da Criação, um cruzamento de poeiras e gases em forma de colunas situado a milhares de anos-luz da Terra, mostravam aos comuns mortais que era possível ver beleza na ciência e arte poética na astronomia. Ao mesmo tempo introduziam no vocabulário corrente o nome da ferramenta que permitia essa descoberta e fruição fantásticas.
O Telescópio Hubble, que estava na órbita terrestre desde 24 de Abril de 1990, passou de um instrumento da ciência a um instrumento da cultura popular. De tal forma que, para celebrar o seu 20.o aniversário, a NASA criou o Hubble Pop Culture Contest, um concurso aberto a qualquer pessoa, no qual se pediu que fossem apresentadas imagens do Hubble reproduzidas em diferentes formas de arte da cultura popular.
Este ano há um novo desafio para assinalar um quarto de século ( www.spacetelescope.org/Hubble25/odetohubble), com duas categorias distintas, uma para os que nasceram depois de o telescópio ter sido lançado ou têm a mesma idade e outra para concorrentes com mais de 25 anos.
Mas nem só de concursos vivem as celebrações de longevidade do famoso Hubble. Para celebrar a data, a Taschen reuniu algumas das mais magníficas imagens captadas pelo telescópio no livro “Expanding Universe. Photographs from the Hubble Space Telescope” (ainda sem versão portuguesa).
A ideia foi juntar, em 260 páginas, não só os marcos científicos conseguidos mas também as autênticas obras-primas fotográficas que lhes estão associadas. Foram essas imagens captadas com altíssima resolução e sem luz de suporte pelo Hubble que permitiram revelar as cores e formas do espaço e também do tempo, bem como os seus mistérios, resolvendo alguns e apontando o foco para outros.
A galáxia do Sombrero, um cometa a atingir Júpiter com a potência de milhares de bombas nucleares ou explosões de estrelas ou nebulosas espirais, são algumas das imagens contidas no livro e acompanhas por testemunhos de gente da fotografia e da ciência, incluindo astronautas.
A obra traz um ensaio fotográfico do crítico Owen Edwards, que escreve para publicações como a “American Photographer” ou a “New York Times Magazine”, uma entrevista com Zoltan Levay, chefe do departamento de imagens do Space Telescope Science Institute, responsável pela publicação dos resultados do Hubble, e que no livro explica como as fotografias são compostas. Mas ninguém deve ter mais emoções para contar que os responsáveis pela colocação em órbita do telescópio, Charles F. Bolden Jr. e John Mace Grunsfeld.
Além de deixarem aqui testemunhos sobre o legado científico daquele instrumento, os astronautas lançam um olhar sobre o futuro da exploração do espaço, que o Hubble poderá ainda espreitar e registar para contentamento do conhecimento e dos sentidos.