They’re Heading West. Diário de uma road trip americana

They’re Heading West. Diário de uma road trip americana


Francisca Cortesão, Mariana Ricardo (Minta & The Brook Trout), João Correia (Julie & The Carjackers, Tape Junk) e Sérgio Nascimento (baterista habitual dos Deolinda e Sérgio Godinho). Em Setembro os quatro regressaram aos EUA para uma nova viagem entre palcos, depois da estreia em 2011. O texto e as fotos que se seguem têm autoria…


Francisca Cortesão, Mariana Ricardo (Minta & The Brook Trout), João Correia (Julie & The Carjackers, Tape Junk) e Sérgio Nascimento (baterista habitual dos Deolinda e Sérgio Godinho). Em Setembro os quatro regressaram aos EUA para uma nova viagem entre palcos, depois da estreia em 2011. O texto e as fotos que se seguem têm autoria They’re HeadingWest e fazem o relato dos dez concertos que deram a caminho do Oeste (e não só), com sessões de gravação incluídas

Passados três anos da primeira tour, regressámos à América. Desta vez tivemos ajuda local, pelo que tocámos sempre em belos palcos e em muito boa companhia. Na Costa Oeste valeu- -nos o Greg Edwards, da Off The Air Recordings, que não descansou até termos o itinerário ideal fechado. Na Costa Leste contámos com o Matt Marcinowski, da Big School Records, de Filadélfia, que este ano lançou por lá, em cassete, o Olympia de Minta & The Brook Trout, uma das nossas bandas.

Custeámos a viagem através de uma série de concertos na Casa Independente, em Lisboa, onde tivemos o prazer de colaborar com artistas tão diferentes como Capicua, Ana Moura, Peixe ou JP Simões.

11/09 – Sophia's Thai Kitchen – Davis, CA

O primeiro concerto foi em Davis, uma pequena cidade universitária a pouco mais de 100 km de São Francisco. O Sophia"s é um restaurante bar com um amplo alpendre onde decorreu o concerto. O ambiente descontraído serviu para revermos o alinhamento e arrancar a digressão. Depois de nós tocaram os Ghost Town Jenny, uma banda de Oakland com quem iríamos partilhar mais duas datas.

12/09 – Awaken Cafe – Oakland, CA

Avisaram-nos para ter cuidado com os roubos em Oakland, onde fica o porto mais movimentado da Bay Area, mas foi uma das cidades mais agradáveis que visitámos. Fomos a primeira banda da noite, seguindo-se os Passenger + Pilot, de São Francisco, e os nossos anfitriões Ghost Town Jenny. O som foi imaculado e o público muito atento.

13/09 – Fortress Callosum – São Francisco, CA

O Fortress Callosum não é uma casa de espectáculos. É uma casa onde vivem pessoas e onde se fazem espectáculos. Entrámos por uma pequena divisão onde está uma mini-exposição, seguimos por um corredor que atravessa a cozinha e chegámos à sala com o melhor tratamento acústico de sempre. O segundo andar da casa é ocupado pelos seus habitantes. Um deles, o Dax, recebeu o nosso email, ouviu a nossa música e gostou. Programou uma noite especialmente para nós e escolheu a Madeline Tasquin e os Owl Paws, ambos de São Francisco, para montar uma bela sessão de música. Provavelmente a melhor da tour.

14/09 – Surf Spot – Pacifica, CA

Foi um concerto de domingo à tarde num bar de praia de onde, estranhamente, não se via o mar. Tocámos o set mais comprido da digressão para casais, famílias e festas de aniversário. Depois de nós tocaram os Ghost Town Jenny. Terminados os concertos, passámos o que restava de um belo dia de sol a beber cerveja com eles. Seguiram-se dois dias de viagem, atravessando o Norte da Califórnia e boa parte do Oregon.

17/09 – Axe & Fiddle – Cottage Grove, OR

Cottage Grove é uma cidade pequena e pacata. Na rua principal, a única que tem comércio e restaurantes, não vemos cadeias de fast food nem lojas de roupa iguais às de todas as outras cidades. O Axe & Fiddle – que fica nessa rua, naturalmente – é o típico bar americano: balcão ao pé da porta, onde se concentram a maior parte dos clientes, e depois uma sala com um pequeno palco ao fundo. Tivemos direito a um excelente técnico de som e ao melhor hambúrguer da tour. Antes de nós tocou a Annalise Emerick, uma rapariga que anda sozinha em tournée pelo país, desde Março.

19/09 – The Waypost – Portland, OR

Os bares e salas de espectáculo de Portland ou não respondem ou exigem como condição que as bandas de fora toquem com uma banda de Portland. Poderá parecer uma medida proteccionista mas não é. A questão é que em Portland parece haver mais bandas que público e os bares querem garantir um mínimo de audiência. Se tocar uma banda da cidade pelo menos os amigos dessa banda estarão presentes. E aqui, mais uma vez, a ajuda do Greg Edwards foi preciosa. O Greg pediu à Shelley Short (uma artista de Portland, claro está) para tocar connosco no Waypost. A Shelley acedeu ao pedido com simpatia, chamou o seu amigo Ritchie Young e os dois inventaram um espectáculo alternativo, já que o show "normal" iria ser apresentado num outro lugar em Portland na semana seguinte. Por sugestão do Greg juntou-se também o Kevin Lee Florence, um artista que se mudou há muito pouco tempo para a cidade e que está ainda a tentar entrar no circuito. O bar não tinha técnico de som (fizemos nós o nosso próprio som) mas tinha a melhor comida mexicana da viagem.

20/09 – Guest House Collective – Olympia, WA

Seguiu-se um house show em Olympia, no estado de Washington. Tocámos numa casa onde vivem seis pessoas que todos os meses organizam um concerto. A casa tem um espaço reservado para o efeito, uma cave com sistema de som e backline (bateria e amplificadores), mas nós optámos por tocar na sala de estar, sem amplificação. Partilhámos a noite com os Water Bell, Bigger Than Mountains e Western Collective. O ambiente foi dos mais acolhedores, a concorrer com o do Fortress Callosum em São Francisco.

21/09 – Columbia City Theatre – Seattle, WA

Na noite seguinte tocámos em Seattle num verdadeiro clube de música ao vivo que nas horas vagas também é estúdio de gravação. Os presentes não deviam ser mais de cinquenta e a sala tem capacidade para bem mais, mas quem estava lá estava para ouvir música e não faltou entusiasmo. Antes de nós, tocaram os Sweet Jesus e depois os Seacastle. Foi uma noite de rock, perfeita para fechar a Costa Oeste. O concerto foi gravado, por pistas como manda a lei. Nessa mesma noite dormimos já em Anacortes onde passámos os dois dias seguintes no estúdio The Unknown a gravar as bases do que será o nosso primeiro disco.

25/09 – Pete"s Candy Store – Brooklyn, NY

No dia 24 apanhámos o avião para Nova Iorque e na noite de 25 tocámos em Brooklyn, no Pete"s Candy Store, com os Thompson + Boombox. Foi a noite mais portuguesa da tour já que boa parte da plateia era formada por amigos portugueses que vivem em Nova Iorque.

26/09 – Kettle Pot Tracks – Plymouth Meeting, PA

Fechámos a digressão com um house show numa casa encantadora a 20 km de Filadélfia. Tocámos em segundo, entre a Chelsea Sue Allen, uma das melhores surpresas da tour, e o Josh Hedlund, ou Psalmships, ambos da Pensilvânia. Depois do concerto o Matt e a Nicole, os nossos afáveis anfitriões, convidaram-nos para gravar um episódio para as On The Hill Sessions. Foi o que fizemos no dia seguinte. O resultado dessa sessão estará disponível a partir de Janeiro no site www.kettlepottracks.com.