Chegou à TV na década de 60, e pouco tempo depois reergueu uma conta bancária à beira do zero com a publicidade à Jell-O, um dos sonhos do actor e músico que queria seguir os passos de Jack Benny e Lucille Ball. Maria Ramos Silva aguarda a biografia “Bill Cosby: His Life and Times”
De diferentes sabores, predilectas dos miúdos, e promovidas ao longo dos anos pelas caras mais famosas do showbizz norte-americano. Jack Benny deu a cara por elas na década de 40. Nos anos 50 foi a vez de Lucille Ball. Os 60 ficaram associados a Andy Griffith e Jim Nabors. Pode dar vontade de rir, mas publicitar as gelatinas Jell-O sempre foi um sonho do comediante Bill Cosby. “Quero seguir os passos daquelas figuras”, confessou ao seu agente de longa data na William Morris, Norman Brokaw.
O desejo e a necessidade dariam as mãos nos anos 70, no rescaldo do fraco êxito dos programas televisivos “The Bill Cosby Show” e “The New Bill Cosby Show”, e depois de quase se encontrar na falência, à conta do desfalque de um agente do meio, Cosby conseguiu reconstruir a sua fortuna, regressou ao pequeno ecrã com uma sitcom memorável, em muito inspirada nas idiossincrasias da sua própria família, e tornou-se a mais bem-sucedida personalidade afro-americana na história da TV. “As três personalidades mais credíveis são Deus, o Walter Cronkite e o Bill Cosby”, explicaria o relações públicas da Coca-Cola Anthony Tortorici, marca para a qual o actor também contribuiu com a sua imagem.
“Cosby: His Life and Times” é o título da biografia escrita pelo antigo editor da revista “Newsweek”, uma edição Simon &Schuster, cujo lançamento está previsto para 16 de Setembro, que percorre momentos como este, evocados no excerto divulgado na mais recente edição da The Hollywood Reporter. Feita em colaboração com o biografado e com o seu círculo mais chegado de familiares e amigos, a obra percorre uma carreira de 50 anos, passando em revista a sua ascensão no mundo da comédia, os seus inesquecíveis papéis na televisão (a começar por “I Spy”, em 1965, que lhe valeu um Emmy, o primeiro atribuído a um actor afro-americano), sem esquecer episódios à margem da ficção, como a trágica morte do seu filho Ennis, em 1997, na sequência de um crime bizarro numa via rápida, quando mudava um pneu.
Fã de música, membro activo da The Jazz Foundation of America, lançou vários álbuns e pode vê-lo nos anos 70 a tocar baixo com Jerry Lewis e Sammy Davis, Jr. no talk show de Hugh Hefner. E como o espectáculo deve continuar, o mais icónico pai das sitcoms dos anos 80 vai regressar em breve ao ecrã da NBC, com um novo programa de comédia, que poderá arrancar antes do Verão do próximo ano. Idealizado por Mike O”Malley e Mike Sikowitz, mostra-nos Bill na pele de “Jonathan Franklin”, o patriarca de uma família multigeracional.
O clube hungry i, em São Franscisco, marcou a estreia do actor, hoje com 77 anos, no stand up, actividade que levou a diferentes casas, e que o levaria à televisão, com “I Spy”, as aventuras de um agente secreto. Para trás ficava a ocupação de bartender, com a qual percebeu que fazer rir os clientes era bem mais fácil para ele que fazer um cocktail.
Natural de Filadélfia, filho de uma doméstica e de um marinheiro, passou pela marinha como fisioterapeuta e estudou Educação Física na escola, onde começou a revelar talento para entreter os colegas. Foi também para a TV que criou os desenhos animados educacionais “Fat Albert and the Cosby Kids”, mas foi preciso esperar até Setembro de 1984 para ver os Huxtable, a família afro-americana de classe média-alta que vivia em Brooklyn, Nova Iorque, entrar casa do público adentro. Passaram-se oito temporadas até à despedida do programa, em Abril de 1992.
Em 1996 voltou à CBS, com novo programa, “Cosby”, ao lado de Phylicia Rash?d, que fazia de sua mulher em “The Cosby Show”. Seguiram-se outros pequenos projectos. As fichas estão agora postas em 2015.