É impossível não sentir alguma familiaridade ao atravessar os arcos de branco imaculado ou ao subir as escadas de madeira clara, a caminho dos quartos. Nas casas de banho, o mosaico prega-nos uma partida: por momentos julgamo-nos em casa dos avós. Há algo de estranhamente familiar, a sensação semelhante a estar numa casa renovada, onde ainda conseguimos recuperar todas as recordações em recantos que já não existem. Mas as estruturas modernas e a decoração indicam-nos outro caminho, com um fôlego diferente, menos nostálgico, mais dinâmico. O Ozadi fez-se novo e tem o melhor de dois mundos.
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Esta história começa nos anos 70. Foi nessa altura que se ergueu o edifício principal, um bloco rectangular, daquele que se chamaria Eurotel. Na sala de estar, ao lado de Ricardo Cerqueira, 34 anos, voltamos ao presente ao conhecer a terceira geração que se encarrega do projecto. Há cerca de um ano na administração, ao lado dos pais, acompanhou a transformação do Eurotel do avô. “Foi o primeiro hotel de Tavira e dos primeiros do Algarve. Mas não era como o conhecemos agora, digo sempre que isto não foi uma reabilitação, foi uma reconstrução.” Tinha o seu “charme”, conta Ricardo, relembrando que contava ainda com uma discoteca e estava integrado num aldeamento turístico que trazia animação à zona. A família é proprietária de outro hotel, também no Algarve, em Altura. “Com o passar dos anos, muito sinceramente, a nossa atenção centrou-se no outro hotel, é maior que este e tem um enorme sucesso. Este foi-se desactualizando mas a certa altura pensámos que valia a pena investir.” Daí a radical mudança na arquitectura e também no conceito. Não esquecendo o passado, o Ozadi transformou-se a todos os níveis. “Não queremos que seja um quatro estrelas normal. Costumo dizer que quero um quatro estrelas com serviço de cinco.”
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Equilíbrio. Entre o novo e o antigo, o sóbrio e o arabesco, o orgânico e o moderno, a natureza e o charme, o campo e a praia. Para o Ozadi, a palavra ideal é “equilíbrio”. De portas abertas há pouco mais de dois meses, aqui apela-se ao descanso, entre as copas das árvores junto à piscina, mas também ao passeio: todos os dias a diferentes horários há transporte para a praia, para o centro de Tavira e também para outros pontos importantes das redondezas. Em apenas 10 minutos (dois deles num pequeno barco de pescadores) estamos na praia de Cabanas, por exemplo.
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Apesar do vasto leque de opções, são muitos os que escolhem ficar no Ozadi, longe da confusão. Ricardo Cerqueira atribui grande parte da culpa ao Orangea, o restaurante que é uma estrutura surpreendente em tons de madeira clara. O convite é para saladas e pratos leves durante o dia, petiscos e selecção de vinhos ao final da tarde e uma série de pratos de raiz tradicional à noite. E se o tempo é para ser saboreado num jantar entre amigos ou a dois, já em família e com crianças pequenas a conversa é outra e para isso serve o buffet servido todos os dias no terraço do edifício principal. O local onde também se serve o pequeno-almoço é uma estrutura aberta, cheia de luz e com uma vista sem igual para a ria. A balança antiga que aqui encontramos é apenas uma das muitas peças a completar uma decoração cheia de referências: há Bordallo Pinheiro e muitas peças de cortiça e cerâmica – todos os quartos têm candeeiros diferentes com história: “É o projecto Tasa de uns miúdos aqui da serra que se juntam a artesãos para fazerem peças à mão.” A diferença encontra-se nos detalhes únicos. Trata-se de construir uma identidade, conclui: “Um hotel hoje em dia, a meu ver, já não pode ser só um sítio para as pessoas ficarem a dormir.” Mas fechar os olhos não é menos importante. De janela aberta a cortina ondula, ouvimos os grilos lá fora.
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Ao final do dia toca bossa nova e as versões de clássicos da música popular brasileira ao pé da piscina, quando o Sol se põe e já pouca luz nos chega. Na estrutura aberta do bar serve-se champanhe e não há maneira: a mão foge para a taça de morangos mergulhados em chocolate – temos a certeza que não são só para enfeitar. A música ao vivo e as bebidas que a acompanham animam os finais de tarde, todos os sábados, durante o mês de Agosto. Mas o Ozadi não se quer fazer valer só nos meses quentes, adianta Ricardo: “Também queremos que se viva o Inverno. Vamos ter workshops de cozinha e torneios de golfe.”
Na vila ainda há quem franza o sobrolho quando ouve o nome. Ricardo sorri, era mesmo essa a intenção. “Queria um nome que não quisesse dizer nada. Que se afastasse do “atlântico”, “mar” ou “sal”. Mas ao mesmo tempo tinha de ter a ver com o projecto e a área. Tentámos vários nomes e escolhemos este, é um nome que não quer dizer nada, que soa a árabe – o que tem a ver com a zona – e está também ligado à ousadia.”
O i foi convidado pelo Ozadi Tavira Hotel