Proporcionalmente, se entrassem em Lisboa tantas scooters como entram em Barcelona, tínhamos cerca de 100 mil portugueses a irem diariamente para o trabalho nestes veículos de duas rodas.
A capital condal tem cerca de 1,5 milhões de habitantes e do meio milhão de veículos de duas rodas que diariamente circulam nas suas ruas, 300 mil são scooters. Lisboa tem cerca de meio milhão de habitantes e, provavelmente nem duas mil scooters haverá a circular. Somos um país pobre com a mania das grandezas em que os portugueses nem para o seu bem estar, nem das suas carteiras sabem capitalizar o excelente clima que temos.
É verdade que nunca se venderam tantas scooters no nosso país como nos últimos anos, mas ainda estamos muito longe do rácio de países como a Itália, Espanha ou França, onde a legislação que permite a condução de motociclos até 125 cc apenas com a carta de condução de automóveis ligeiros já tem muitos anos. Em Portugal isso só acontece desde 2009.
Segundo os dados da ACAP (Associação do Comércio Automóvel de Portugal), em Julho venderam-se 1725 motocicletas de cilindrada entre 50 e 125 cc, sendo que a parte de leão cabe à Keeway e à Honda com, respectivamente 557 e 390 unidades. Não temos o detalhado de modelos, mas sabemos que, por exemplo na marca chinesa o veículo mais vendido não foi uma scooter, mas sim um motociclo. Nos lugares seguintes de vendas, a alguma distância surgem marcas como a SYM (213), Yamaha (119), Piaggio (99) e Kimko (91). No primeiro semestre de 2014 venderam-se em Portugal 6458 motos até 125 cc.
Dentro dos veículos de duas rodas as scooters ocupam um lugar muito especial. Têm uma imagem mais frendly do que as motos clássicas, porque não obrigam a alçar a perna para a montar, facto que é muito do agrado de pessoas de menor estatura, das mulheres (que podem usar saias e até toiletes mais sofisticadas nas suas deslocações e pessoas com algum tipo de redução de mobilidade (conheci alguns companheiros com quem fiz a Guerra Colonial e que sofreram ferimentos em combate que obrigou a amputações de mãos ou pés que se deslocavam alegremente em scooters pela facilidade de condução devido à caixa automática.
O conceito da scooter nasceu em Itália, no ano a seguir ao fim da II Guerra Mundial. Era preciso encontrar um meio de transporte barato e fácil de construir num país devastado pela guerra e o empresário Enrico Piaggio e o engenheiro aeronáutico Corradino d”Ascanio deram a resposta. As primeiras Piaggio Vespa foram apresentadas no Clube de Roma em Abril de 1946. A marca Lambretta só surgiu um ano mais tarde.
Tornaram-se muito populares em Itália e nos Estados Unidos, onde, nos anos de 1950 e 1960, algumas das mais famosas pine-up”s apareceram aos comandos de uma Vespa ou de uma Lambretta.
Actualmente quase todos os construtores de motocicletas têm scooters nos seus catálogos e, se fazem isso é porque têm mercado para elas.
Há muitos mitos a vencer entre nós para que muitos mais condutores adiram às duas rodas, no caso que nos interessa às scooters.
Conduzindo-as com um mínimo de atenção são o melhor meio de transporte no tráfego urbano. Têm espaços próprios para os pertences do dia-a-dia e para arrumar o capacete. Existem protecções para o corpo e para a roupa bastante eficazes contra o frio e contra a chuva. Gastam pouco combustível e estacionam-se com muita facilidade. Só vantagens? Nem por isso, mas estas são em bastante maior número do que as desvantagens!