A maioria dos chefes de redação do jornal francês Le Monde apresentou hoje a sua demissão em bloco por divergências com a direção sobre a reorganização da redação.
“Desde há meses que temos enviado várias mensagens a alertar para o que não funciona, bem como a ausência de confiança e de comunicação com a direção, o que nos impede de cumprir as nossas funções na chefia de redação”, escreveram sete chefes de redação e chefes de redação adjuntos numa mensagem interna dirigida à diretora, Natalie Nougayrède, e a Louis Dreyfus, presidente da administração do jornal.
Na mensagem, citada pela AFP, os demissionários referem que não pretendem fragilizar a redação e que estão disponíveis para “gerir os assuntos correntes até à nomeação de uma nova equipa”.
“Tentámos encontrar soluções, sem sucesso. Hoje constatamos que já não estamos em condições de cumprir as tarefas que nos foram confiadas e é por isso que nos demitimos”, escrevem.
Um dos principais pontos de divergência com a direção é a intenção, comunicada em fevereiro, de mudar para a edição digital do jornal 57 trabalhadores, o que levou os sindicatos a manifestarem preocupação.
Natalie Nougayrède, 48 anos, antiga correspondente em Moscovo, assumiu a direção do Le Monde em março de 2013, tornando-se a primeira mulher a dirigir o jornal.
Entre os seus desafios estavam aumentar em dois anos o número de assinantes da edição digital de 50 mil para 200 mil e estabilizar as vendas da edição impressa, que em 2013 caíram 2%.
*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa