Processo para a criação da nova televisão pública grega começa na segunda-feira


O Parlamento grego aprovou a nova legislação que permite o estabelecimento de uma nova televisão pública (NERIT) e que prevê a abertura de “vagas temporárias” a partir de segunda-feira. O texto, rejeitado pela oposição na sessão plenária de sexta-feira à noite, foi aprovado pelos votos favoráveis dos dois partidos que formam a coligação governamental (Nova…


O Parlamento grego aprovou a nova legislação que permite o estabelecimento de uma nova televisão pública (NERIT) e que prevê a abertura de “vagas temporárias” a partir de segunda-feira.

O texto, rejeitado pela oposição na sessão plenária de sexta-feira à noite, foi aprovado pelos votos favoráveis dos dois partidos que formam a coligação governamental (Nova Democracia e PASOK) que não conseguiu negociar soluções com os trabalhadores barricados nas instalações da televisão pública e que rejeitam o encerramento das emissões.

Os trabalhadores emitem programação através da internet e algumas frequências analógicas são mesmo pirateadas com a ajuda da União Europeia de Radiodifusão.

Há mais de uma semana, o Governo de Atenas restituiu o sinal às cadeias internacionais de televisão (BBC, TV5 Monde, Deutsche Welle e RIK) que emitiam através das frequências da entidade pública grega e instituiu uma nova cadeia, a Televisão Pública (DT) – em três canais utilizados pela antiga ERT.

Mesmo assim, a DT tem sido muito criticada porque transmite apenas documentários e filmes antigos e não dispõem dos profissionais da empresa pública, estando a emitir a partir de estúdios privados que se encontram protegidos pela polícia.

O ex-jornalista Pantelis Kapsis, vice-ministro encarregado da reforma da televisão pública, tem criticado os “sindicalistas” que mantêm ocupada a ERT e que não tencionam abandonar as instalações da empresa.

Kapsis disse no Parlamento que na segunda-feira “vão ser abertas 580 vagas temporárias” para a nova televisão e que “finalmente” a nova entidade pública vai dispor de um total de dois mil funcionários, em vez dos 2.656 que tem atualmente.

Para as novas vagas temporárias, segundo o vice-ministro, os trabalhadores vão ser selecionados por uma empresa privada e por académicos universitários que “vão dar prioridade aos antigos trabalhadores da ERT”.

Kapsis afirmou ainda que a legislação sobre a NERIT, a nova estação, cumpre os mesmos princípios de outras televisões e rádios públicas europeias e que a nova cadeia “não vai ser partidária” pois os empregados vão ser contratados com base no mérito.

O líder do Syriza, partido de esquerda na oposição, Alexis Tsipras afirmou que o Governo está a oferecer uma prenda às cadeias privadas de televisão com o encerramento da ERT e acusou o vice-ministro, ex-diretor do jornal “Ta Nea”, de estar a favorecer diretamente os interesses do antigo patrão que detém o grupo DOL, de comunicação social.

A maioria governamental no Parlamento de Atenas rejeitou a proposta do Syriza sobre a criação de uma comissão de investigação sobre os factos que levaram ao encerramento da ERT.

O Dimar, partido de centro-esquerda que abandonou a coligação governamental em protesto contra o encerramento da ERT, criticou a nova legislação que permite a nova estação porque, argumentou, vai repetir os erros do passado, “não vai ser verdadeiramente independente” e “não vai ser autónoma do Governo”.

Em solidariedade para com os trabalhadores da televisão pública as televisões privadas do país, exceto a cadeia conservadora Skai, fizeram uma greve na quinta-feira.

*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência lusa