Décimo primeiro signo astrológico do zodíaco. É do ar, como Gémeos e Balança. Situado entre Capricórnio e Peixes. Qualidades: é original em tudo o que faz, criativo como ninguém. É amante da liberdade e da independência financeira/emocional. Racional, engenhoso. Defeitos: excêntrico, não se adapta facilmente a regras preestabelecidas. É um rebelde sem causa. Imprevisível, pouco emocional.
O aquariano é uma “peça”. Vejam lá os nossos (portugueses) exemplos. Melhor avançado: Eusébio (25 de Janeiro). Melhor esquerdino: Chalana (10 de Fevereiro). Primeiro treinador campeão europeu: Artur Jorge (13 de Fevereiro). Primeiro jogador a sagrar-se melhor marcador da 1.a divisão em dois países: Ronaldo (5 de Fevereiro). Primeiro treinador a ganhar uma Liga dos Campeões por um clube estrangeiro: Mourinho (26 de Janeiro). Primeiro atleta a ganhar uma medalha de ouro olímpico: Carlos Lopes (18 de Fevereiro).
Se estendermos o leque aos internacionais Babe Ruth, Michael Jordan, Paul Newman e Bob Marley, estamos conversados. Ou não? Talvez não, porque há aqui um novo elemento a reclamar (será mais relinchar) protagonismo.
Chama-se Frankel, aquariano (11 de Fevereiro) e é um cavalo invencível. Em 14 corridas, 14 vitórias – a última das quais em Ascot neste fim-de-semana. Soma três milhões de euros e tem um timeform (valorização) de 147, a maior da história. Ao ganhar a última corrida (a décima consecutiva no Grupo I), pulveriza o recorde de nove Grupos I consecutivos de Rock of Gibraltar (2002) e Mill Reef (1972).
O percurso de Frankel é pura poesia: Dewhurst Stakes (1.400m), Qipco 2000 Guineas Stakes (1600m), St. James’s Palace Stakes (1.600m), Sussex Stakes (1.600m), Queen Elizabeth II Stakes (1.600m), Lockinge Stakes (1.600m), Queen Anne Stakes (1.600m), Sussex Stakes (1.600m), International Juddmonte Stakes (2.ooom, aprx) e Qipco Champion Stakes (2.000m)
Propriedade do príncipe saudita Khalid Abdullah, o cavalo é desde sempre treinado pelo conceituado escocês Sir Henry Cecil e montado pelo irlandês Tom Queally, um modesto jóquei com 690 vitórias a quem lhe toca a lotaria em 2009, um ano antes da primeira corrida, em Newmarket. Começa aí um fabuloso trajecto com fim em Ascot por ordem de Abdullah.
A estimação mais conservadora indica o valor de mercado de Frankel em 145 milhões de euros. “Não o vendo por nada deste mundo”, esclarece o dono. Óbvio. Frankel vai passar à criação. Se quiser rever a sua glória, ligue a televisão. Ou vá ao cinema daqui a uns anos.
Filho do imponente Galileo (e neto materno do cada vez mais aplaudido Kingmambo), o corredor de Abdullah faz vítimas distintas em 14 corridas. Mas não é apenas esta sequência invicta a fazer de Frankel um autêntico ícone das corridas. A maneira como ele costuma “tratar” os adversários é inovadora, porque não espera por ninguém.
Quando arranca, é para ganhar. E com avanço considerável. Quanto mais distante, melhor. A única corrida realmente renhida é precisamente a primeira, a de Agosto de 2010. Nathaniel dá luta e só é vice por meio corpo.
No Olimpo de Ascot, dois mil metros de pista. O público acorre em grande número. Afinal é o adeus de Frankel, o Bullet Train, o cavalo mais vencedor de sempre, daqueles que se fará um filme hollywoodesco daqui a uns anos, como o Sea Biscuit.
O arranque de Frankel não é famoso. Como qualquer Bolt que se preze. “Ficámos para trás, mas só um pouco e um pouco não é nada para o Frankel”, relata o jóquei. Num abrir e fechar de olhos, Frankel galga terreno e ultrapassa todos, incluindo o Cirrus Des Aigels (signo Touro), vencedor da prova em 2011. Com um tempo de 2:10,22 minutos, Frankel corta a meta com um cavalo e três-quartos de vantagem. É ou não é de aquário?