Braga. Hospital diz que mulher não ficou em máquina de radiações


Numa altura em que a família da mulher que morreu na quinta-feira, após ter sofrido queimaduras no Hospital de Braga, admite processar aquela unidade de saúde, o hospital veio esclarecer que a vítima não ficou esquecida dentro da máquina das radiações. “Apenas garantimos que o ocorrido não se ficou a dever a um esquecimento da…


Numa altura em que a família da mulher que morreu na quinta-feira, após ter sofrido queimaduras no Hospital de Braga, admite processar aquela unidade de saúde, o hospital veio esclarecer que a vítima não ficou esquecida dentro da máquina das radiações. “Apenas garantimos que o ocorrido não se ficou a dever a um esquecimento da doente dentro da máquina”, frisou ontem Fernando Pardal, director clínico do Hospital de São Marcos, em Braga. Ainda assim, a direcção do hospital garantiu ontem que foi aberto um inquérito com “carácter urgente” ao que se terá passado com a paciente que ali fazia tratamentos há sete anos e que enquanto este decorrer não serão prestadas mais informações.

Segundo o “Diário de Notícias”, Rosa Cunha tinha um problema de pele que precisava de ser tratado com sessões de radiação de cerca de cinco minutos. Mas na semana passada, quando se deslocou ao hospital de Braga foi deixada durante 20 minutos numa máquina, exposta a radiações.

Em resultado desse aumento de exposição, a mulher de 61 anos começou a ficar com a pele coberta de bolhas, o que obrigou os familiares a levá-la de novo para o mesmo hospital. Nessa altura os médicos decidiram então transferir Rosa Cunha para a Unidade de Queimados do São João, no Porto. Porém já não foi possível travar o agravamento do seu estado de saúde e, na quinta-feira, Rosa acabou por morrer – menos de uma semana depois de ter dado entrado no centro hospitalar.

Processo interno O Hospital de Braga já garantiu ter iniciado “um processo de averiguações, com carácter de urgência, para apuramento dos factos, assim que tomou conhecimento do caso com a doente, que há vários anos realizava tratamento de fototerapia”. O Hospital diz ainda que “lamenta profundamente o ocorrido e dirigiu, pessoalmente, aos familiares, as suas condolências e sinceros votos de pesar”.

O funeral de Rosa Cunha foi realizado no sábado e os familiares ainda vão avaliar quais os próximos passos que poderão dar neste processo. O problema de pele da vítima já tinha sido detectado há alguns anos e não inspirava grande cuidados médicos e os tratamento habituais eram sempre feitos no hospital de Braga.

pensou estar esquecida Quando saiu da máquina – onde terá estado 20 minutos – Rosa terá comentado com os funcionários do hospital que se tinham esquecido dela. Mas nessa altura ainda estava longe de imaginar o estado em que iria ficar o seu corpo e as consequências daquele excesso de exposição. Cristina Cunha, filha da vítima, disse ao “DN” que “a enfermeira que a acompanhava enganou-se no programa: a máquina tem dois tipos de radiação: A e B, com tempos de exposição diferentes. Em vez dos cinco minutos de tratamento habitual, a minha mãe esteve na máquina durante 20”.

Esquecimento ou não, a família já fez saber que apesar de “errar ser humano” este erro pôs fim à vida de uma pessoa e que por isso terão de ser encontrados responsáveis e que “não pode perdoar” a situação.

Rosa Cunha residia em Tebosa, próximo da cidade de Braga e era empregada doméstica. Segundo a família contou à imprensa, a mulher fazia uma vida normal, apesar de ter de fazer três tratamentos por semana à pele.