Em 2007, Rita e Paulo Tigre, casal de designers, fartaram- -se do frenesim da cidade e mudaram-se para uma pequena vila alentejana próxima de Montemor-o-Novo. Em Almada já se passeavam pelos corredores do design, uns diferentes dos actuais, e eram donos de uma oficina. Por essa altura surgiu a oportunidade de respirarem outros ares e partiram para o sul, onde se instalaram, a eles e ao “De Raiz”. O nome do projecto assume a dupla função de beleza e necessidade: “‘De Raiz’ surge por todo o projecto ser executado por nós, do início ao fim, da recolha ao cliente, e por representar ainda as nossas raízes, aqueles bons momentos passados no campo”, garante Rita Tigre.
O êxodo urbano fez com que dessem mais atenção àquilo que os rodeava e, como explica Rita Tigre, foi assim que nasceu o negócio. “Percebemos que existe uma grande quantidade de desperdício florestais, com as podas das árvores, as árvores centenárias que vão morrendo e que são transformados em carvão ou em lenha ou as queimadas a céu aberto. Começámos a recolher este material e a transformá-lo em peças utilitárias, que ao mesmo tempo são tratadas como esculturas. Cada uma pode ser interpretada de maneira diferente consoante a sua forma e feitio.”
E é exactamente na estrutura natural da madeira que se inspiram para criar estes objectos, para lhes atribuir uma função específica e ao mesmo tempo “tentar valorizar o que sobra [dos resíduos], o que está a mais no montado alentejano e aproximar as árvores das pessoas, para levar esta matéria-prima para dentro das casas. Estes materiais merecem um novo olhar”, afirma Rita.
Os preços variam muito, desde peças mais pequenas, como tábuas para queijos, por 25€, até aos 1000€ que se pagam pelas mesas maiores. Entre estas há um universo de objectos para mobilar a casa, como candeeiros, cadeiras, cabides, garrafeiras, sempre com uma perspectiva que procura ser fora do vulgar e mais acolhedora.
Os produtos mais vendidos são os cabides e os candeeiros, Rita Tigre justifica: “São objectos comuns, imprescindíveis a uma casa, o que os nossos clientes procuram é uma abordagem diferente, que fuja à produção massificada. Os nossos produtos são únicos, e as pessoas gostam de sentir que têm uma peça que mais ninguém tem, que só a elas pertence.”
Este sentimento de pertença une-se às manias de decoração de cada um e ainda leva uma pitada de utopia. Pois, como nos assegura Rita Tigre, a maior parte dos clientes “são jovens casais que acabaram de sair de casa dos pais, que estão agora a começar a vida e estão na fase plena da paixão e da descoberta”. Acrescenta ainda que “nesse nicho de idades é muito interessante perceber a relação que se estabelece entre a peça e os clientes, parece que se apaixonam. Vêem um candeeiro ou um cabide que vai resolver o problema que tinham”.
Os produtos do De Raiz podem agora ser encontrados em vários pontos de venda. Nas lojas Boa-Safra (em alguns centros comerciais do país), na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, ou na Love Store do Restelo, entre muitos outros locais.