O líder parlamentar do PSD apelou hoje “ao sentido de responsabilidade” de todos os envolvidos no conflito que opõe médicos e Governo, mas sobretudo ao dos clínicos, pedindo-lhes que “evitem” os "grandes prejuízos" da greve da próxima semana.
“Queremos lançar um apelo muito forte ao sentido de Estado, ao sentido de responsabilidade e de aproximação de todos os agentes envolvidos, em particular dos sindicatos e da Ordem dos Médicos, para podermos em conjunto evitar um momento que causará grandes prejuízos aos portugueses se a greve que está agendada se mantiver”, disse Luís Montenegro, em declarações à agência Lusa.
O deputado sublinhou que a paralisação dos médicos, marcada para 11 e 12 de julho, afetará pelo menos 400 mil consultas e cerca de 20 mil cirurgias, "para além de todos os constrangimentos que causará ao Serviço Nacional de Saúde”.
Luís Montenegro considerou que o “Governo tem dado mostras de um sentido de aproximação grande” e que “tem mantido o diálogo aberto e permanente com todos”, sendo agora “altura de todos assumirem as suas responsabilidades”.
O líder da bancada do PSD no Parlamento pediu por isso “aos médicos, aos seus representantes, aos seus responsáveis, que compreendam o momento difícil que o país atravessa” e que deem “o seu contributo” para a melhoria “da gestão financeira da área da saúde, sem que isso cause prejuízos àquilo que é mais essencial, que é a prestação de cuidados de saúde a todos os portugueses num clima de convergência, de abertura, com os objetivos que o Governo tem”.
Esses objetivos, acrescentou, são “salvaguardar sempre o acesso ao sistema saúde” a todos que dele precisam, “mas também assegurar uma gestão mais eficiente que possa responder positivamente aos desafios financeiros que o país hoje enfrenta”.
Luís Montenegro sublinhou que “naturalmente que são respeitáveis as reivindicações que os médicos têm”, as quais “são alvo de uma análise cuidada por parte do Ministério da Saúde”.
“Creio que a maior parte das questões estão já hoje num patamar de aproximação grande e portanto acho que era muito importante para o país evitar-se o prejuízo que indiscutivelmente causará esta greve na vida quotidiana de muitos e muitos portugueses”, afirmou.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) convocaram uma greve para 11 e 12 de julho, protesto que mantiveram mesmo depois de o Ministério da Saúde ter divulgado um comunicado na quinta-feira à noite em que revelou que iria "de imediato desenvolver novos contactos" com as organizações sindicais para tentar evitar a paralisação. Na sexta-feira, o próprio ministro Paulo Macedo afirmou publicamente a sua disponibilidade para dialogar.
Segundo o pré-aviso de greve, os médicos não aceitam "a degradação do SNS [Serviço Nacional de Saúde], da qualidade do exercício técnico da medicina e da formação médica e o golpe fatal na carreira médica, agravada com a abertura de concurso para trabalho à peça, sob a forma de prestação de serviços, representando 2,5 milhões de horas anuais, equivalentes ao trabalho de 1.700 profissionais".