Sindicato dos médicos diz que para já mantém-se motivo da greve


 


 

O Sindicato Independente dos Médicos disse hoje que se mantém o motivo da greve agendada para 11 e 12 de junho, apesar de o ministro da Saúde ter anunciado novos contactos com os sindicatos para evitar a paralisação.

"Para já, mantém-se o motivo da greve", o qual consta do pré-aviso, que tem 20 exigências, declarou à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Paulo Roque da Cunha.

O retormar das negociações com o Ministério da Saúde, que a tutela suspendeu, foi sempre uma das reivindicações dos médicos, que, segundo o dirigente sindical, só marcaram greve como último recurso, queixando-se da falta de diálogo.

Roque da Cunha disse já ter conhecimento da convocação do Ministério para encetar de imediato novos contactos com as organizações sindicais e que o SIM vai analisar o assunto para decidir se mantém ou não a greve.

O ministro da Saúde anunciou quinta-feira à noite que vai "de imediato desenvolver novos contactos" com as organizações sindicais dos médicos para tentar evitar a paralisação dos serviços de saúde nos dias da greve, a 11 e 12 deste mês.

Em comunicado emitido pelo Ministério da Saúde, o ministro Paulo Macedo congratula-se com a posição manifestada pelo conselho nacional executivo da Ordem dos Médicos (OM), "ao considerar relevantes as propostas que vão ao encontro das solicitações das organizações sindicais e da própria Ordem dos Médicos".

Saudando a "atitude de abertura e de moderação" da OM, o ministro garantiu que vai “de imediato, desenvolver novos contactos com as organizações sindicais no sentido de alcançar, o mais rapidamente possível, um acordo que permita desbloquear as negociações em sede própria”.

Com isto, a tutela pretende evitar "desde já consequências de maior para os cidadãos por via da paralisação de serviços" devido à greve.

A Ordem tinha já prometido, em comunicado divulgado durante o dia de quinta-feira, que ia mobilizar "uma forte manifestação dos médicos" se não for alcançado um acordo com o Governo que satisfaça as preocupações da classe.

A OM adiantou que o ministro Paulo Macedo lhe apresentou uma “série de propostas que pretendem responder a questões que constam do pré-aviso de greve dos sindicatos e que a Ordem reconheceu a “relevância de algumas delas”.

Nesse sentido, a Ordem apelou a que, “se tais declarações se revestirem da seriedade”, o ministro da Saúde convoque as Organizações Sindicais dos Médicos para discutir um “acordo que satisfaça as preocupações dos Médicos”, decisão que foi entretanto anunciada pela tutela.

Segundo o pré-aviso de greve nacional declarada pelo SIM, os médicos não aceitam "a degradação do SNS [Serviço Nacional de Saúde], da qualidade do exercício técnico da medicina e da formação médica e o golpe fatal na carreira médica, agravada com a abertura de concurso para trabalho à peça, sob a forma de prestação de serviços, representando 2,5 milhões de horas anuais, equivalentes ao trabalho de 1.700 profissionais".

Os médicos não aceitam ainda "a degradação das condições de trabalho e do exercício profissional, consequente a uma lógica liberal na gestão das unidades de saúde, que afasta os mais experientes e capazes, que dificulta a formação médica contínua, pré e pós-graduada, e que desqualifica a investigação, contribuindo para uma diminuição de qualidade".

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) também aderiu a esta paralisação.