O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, alertou hoje para os riscos do que apelidou de "dumping salarial", como acontece com enfermeiros e nutricionistas pagos a quatro euros à hora, afirmando que a tendência tem de ser "rapidamente invertida".
Numa conferência de imprensa para abordar a declaração da inconstitucionalidade do corte dos subsídios de férias e de Natal, o líder da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) disse que o dumping salarial "tem de ser rapidamente invertido".
Em causa está, para o sindicalista: "o risco de dentro de pouco tempo, e com estas políticas, se estar numa situação de empobrecimento generalizado e já não é só daqueles que estão fora do mercado de trabalho, mas particularmente daqueles que trabalhando estão a empobrecer todos os dias".
Recordando situações tornadas públicas recentemente, que dão conta do pagamento de cerca de 3,95 euros à hora a enfermeiros e nutricionistas, Arménio Carlos considerou que o que existe hoje em Portugal é uma "ofensiva como nunca de dumping salarial", de "redução objetiva dos salários".
O líder da CGTP criticou que "o Estado, que devia dar o exemplo pela positiva, contratando trabalhadores diretamente para ocupar postos de trabalho permanentes, está a fazer a contratualização com empresas de trabalho temporário".
Para o sindicalista, estes casos são a prova de que se está a "substituir o princípio do emprego estável e seguro pela generalidade da precariedade, nomeadamente às retribuições dos trabalhadores".
Perante a postura do ministério da Saúde, Arménio Carlos considerou que "não basta que o ministro diga que vai tomar as medidas necessárias no sentido de indagar se por ventura as normas mínimas estavam a ser respeitadas", ou seja, o salário mínimo.
"Estes profissionais são licenciados e altamente qualificados, não têm de ganhar o salário mínimo nacional. Têm de ganhar vencimento equivalente àquele que os colegas que desempenham a mesma função estão a auferir, quer nos hospitais, quer nos centros de saúde", defendeu.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) convocou para esta tarde uma vigília em frente do Ministério da Saúde, pela "dignidade da profissão", para a qual apelou à participação de todos os profissionais. Em causa está a subcontratação de enfermeiros para centros de saúde e hospitais, que resulta num pagamento inferior a quatro euros por hora a estes profissionais de saúde.