O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foi hoje recebido com apupos e assobios por mais de uma centena de manifestantes, junto a uma empresa vidreira da Figueira da Foz, mas não falou com os participantes no protesto.
À entrada da empresa Verallia cerca de uma centena de representantes de diversas estruturas sindicais dos professores, enfermeiros e trabalhadores da administração local, entre outras, manifestaram-se ruidosamente aguardando a chegada de Passos Coelho.
Aos jornalistas, Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF), manifestou a intenção de dizer a Passos Coelho que "não basta por uma bandeirinha nacional na lapela" para defender Portugal e os portugueses.
"Isto tem de ter um fim. Estamos aqui e estaremos onde for necessário para dizer a este primeiro-ministro que aquilo que ele tem para dar ao País já outros deram e com maus resultados, porque chegámos aqui e queremos ver se não chegamos ainda mais ao fundo", frisou.
Já Paulo Anacleto, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses, apelou a que Passos Coelho "dignifique o trabalho e os trabalhadores".
"Desde que este pedido seja satisfeito, já ficaríamos também satisfeitos", alegou.
A viatura do primeiro-ministro acabou por chegar às instalações sem batedores policiais e, aparentemente, os manifestantes não se aperceberam que se tratava de Passos Coelho, pelo que os assobios só se ouviram já o carro entrava pelo portão adentro.
Os manifestantes ainda avançaram, acompanhados pela polícia, até à entrada das instalações, onde foram barrados.
Ao longo da cerimónia que assinalou os 25 anos da empresa vidreira – que decorreu num pavilhão cerca de 100 metros acima da entrada – foram constantemente audíveis apupos e palavras de ordem contra o primeiro-ministro e Governo, com origem no grupo de manifestantes que se manteve à entrada.
No discurso que proferiu, Passos Coelho fez uma breve referência aos protestos, quando sustentou que "todos" fazem parte do "grande esforço nacional" que está a ser desenvolvido por todos os portugueses no combate à crise.
"Por aqueles que estão menos satisfeitos, como os que nos aguardam aqui à entrada destas instalações como de todos os outros que, apesar da sua insatisfação, não deixam de lutar, no dia a dia, para que Portugal possa vencer as dificuldades", disse o primeiro-ministro.
Após o descerramento de uma placa no interior da fábrica e uma visita às instalações, Passos Coelho saiu por um acesso diferente do usado para entrar, não se cruzando com os manifestantes.