A EDP rejeitou hoje qualquer responsabilidade nos transportes alternativos ao comboio na linha do Tua, mas está disponível em cooperar na procura de soluções para garantir o serviço às populações.
O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) reclamou hoje que a EDP assuma os encargos com os transportes alternativos suprimidos a 01 de julho pela CP, alegando que a empresa concessionária da barragem que vai submergir parte da ferrovia, "está obrigada pela Declaração de Impacte Ambiental (DIA) – que aprovou a barragem- a garantir" o serviço".
Numa resposta por escrito enviada à Lusa, a elétrica nacional afirma que "o compromisso da EDP é para com uma alternativa de mobilidade ao troço da linha que ficará submerso" e que corresponde a um quarto, ou seja cerca de 16 quilómetros da ferrovia.
Segundo ainda a empresa, esta "alternativa de mobilidade tem de estar operacional quando a barragem estiver construída", em 2015, e a execução deste plano com fins turísticos e para o quotidiano local cabe à Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, um organismo que resultou também das contrapartidas dadas pela EDP para a construção da barragem.
"São apenas essas condições e esse calendário a que a EDP está obrigada", frisou a empresa, relativamente à mobilidade nesta zona do Nordeste Transmontano.
A EDP "já disponibilizou 10 milhões de euros para o plano de mobilidade a implementar no futuro".
Ainda assim, a empresa garante que "encontra-se disponível" para, no quadro do protocolo assinado entre diversas entidades ligadas ao Tua e em cooperação com a agência e restantes parceiros, "encontrar soluções que garantam o serviço de transporte das populações".
Os táxis que faziam o transporte rodoviário alternativo ao comboio na linha do Tua pararam a 01 de julho, deixando várias populações da zona sem qualquer transporte público.
A circulação na maior parte dos cerca de 60 quilómetros da linha, entre o Cachão e o Tua, está suspensa desde agosto de 2008, data do último de quatro acidentes com outras tantas mortes.
A linha foi agora oficialmente desativada e retirada da Rede Ferroviária Nacional e a CP acabou com o financiamento anual de 125 mil euros dos transportes alternativos que pararam a 01 de julho sem aviso às populações.
A supressão já foi contestada pelos autarcas da zona que ameaçam alterar a sua posição favorável à construção da barragem se os transportes não forem repostos.
Numa conferência de imprensa, na terça-feira, o presidente da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, Artur Cascarejo, disse que não quer "saber quem paga, se é EDP, a CP ou o Governo", o que reclama é o serviço às populações.
Cascarejo rejeitou ainda ser a agência a suportar este custo, alegando que os dinheiros que gere este organismo destinam-se ao Serviço Turístico Multimodal do Tua, o plano de mobilidade futuro.
Os autarcas acusaram também a CP de violar o protocolo assinado, em março de 2011, no qual a empresa de caminho de ferro se comprometia a financiar os transportes na zona até estar concluído o novo plano de mobilidade.