Curtas de Vila do Conde. Os filmes não se medem aos palmos


O Festival Internacional de curtas-metragens de Vila do Conde regressa para a vigésima edição. Em ano de austeridade no plano cinematográfico português e com uma nova lei do cinema entre decisões, o Curtas nada contra a corrente e apresenta a sua programação mais extensa em duas décadas de existência. Os vinte anos são festejados numa…


O Festival Internacional de curtas-metragens de Vila do Conde regressa para a vigésima edição. Em ano de austeridade no plano cinematográfico português e com uma nova lei do cinema entre decisões, o Curtas nada contra a corrente e apresenta a sua programação mais extensa em duas décadas de existência.

Os vinte anos são festejados numa exposição fotográfica que recorda todas as edições do festival e com o livro “Puro Cinema – Curtas Vila do Conde 20 anos depois”. “Vinte é um numero redondo, não tem um significado especial mas é uma oportunidade de fazer uma festa maior”, explica Mário Micaelo, o director do festival. Para o panorama português, o evento apresenta uma plataforma quase única de projecção de algumas obras, “os festivais são essenciais para a divulgação de uma forma de expressão que, infelizmente, não encontra outro espaço na rede de salas comerciais”, explica o director, sublinhando ainda como estes eventos são fulcrais “para a sobrevivência de toda uma classe de trabalhadores cuja profissão é o cinema”.

As novidades para esta edição são muitas. Em grande destaque estão quatro curtas-metragens que foram comissariadas pelo festival junto dos realizadores Thom Andersen, Helvécio Marins Jr., Sergei Loznitsa e Yann Gonzalez. Ainda no plano das novidades, “estamos a desenvolver um projecto longo, com dois anos de produção, que vai ter aqui a sua estreia absoluta”, anuncia Mário Micaelo. Além dos novos filmes que o próprio festival produz, “vamos também fazer trabalhos de formação”. Entre as masterclass organizadas está Olivier Assayas de “Clean” (2004) e “Tempos de Verão” (2007), amanhã às 18h30. Para justificar a nova abordagem de intervenção directa no sector cinematográfico, o director do Curtas descreve uma necessidade de “haver uma habituação a um trabalho profissional de alta qualidade em Portugal”.

O curtas de Vila do Conde oferece este ano uma homenagem a Stanley Kubrick. Além dos visionamentos das suas obras (“Laranja Mecânica” amanhã na Sala Um, 19h00), é exibido o documentário “Room 237” sobre “The Shining” (também amanhã na Sala Um, 23h00). Ainda sobre o norte-americano a Galeria de Arte Cinemática expõe um conjunto de obras inspiradas pelo seu trabalho, com artistas como João Onofre ou Graham Gussin. Mas em ano normal de Curtas, o atractivo é sempre a competição, este ano com 18 portugueses a disputar o pódio.

“A curta-metragem para o ano vai ressentir-se deste 2012 sem apoios”, admite Mário, sendo que o próprio Curtas de Vila do Conde “teve um decréscimo de investimento de 30 %”. Apesar disso, o festival está confirmado para o ano. “Temos um protocolo até 2013 com a secretaria de Estado da Cultura, depois disso é uma incógnita. Mas creio que Portugal não vai deixar cair o que tem de melhor”, conclui.

Info e programa em festival.curtas.pt