Carlos Costa. Europa sem o euro “é insignificante no mundo globalizado”


O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, realçou hoje a importância da moeda única para a afirmação da Europa no mundo globalizado, defendendo a criação de mecanismos de reforço à União Económica e Monetária. "O euro vai continuar a ser uma grande moeda à escala mundial. No mundo de hoje, a Europa sem o…


O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, realçou hoje a importância da moeda única para a afirmação da Europa no mundo globalizado, defendendo a criação de mecanismos de reforço à União Económica e Monetária.

"O euro vai continuar a ser uma grande moeda à escala mundial. No mundo de hoje, a Europa sem o euro seria insignificante", afirmou o governador durante a conferência "Zona Euro, que futuro?", organizada pelo Jornal de Negócios e pelo BES, em Lisboa, reforçando que "há um futuro de sucesso para o euro".

Carlos Costa apontou para a existência de "defeitos na construção da União Económica e Monetária (UEM)", considerando que se viveram "oito anos num quadro de facilidade".

Segundo o governador, para o sucesso da moeda única europeia e da UEM, é necessário "criar uma união bancária e uma união orçamental", porque um tratado de práticas orçamentais "não chega por si".

Carlos Costa sublinhou a importância da "criação das instituições necessárias para dar corpo às regras".

Entre elas, falou da "criação de um fundo de garantia bancária e de uma supervisão financeira" comunitários.

"Precisamos rapidamente de implementar a supervisão integrada no espaço europeu", defendeu o governador, realçando também a necessidade de dotar os fundos de estabilização financeira de capacidade suficiente para demonstrar aos mercados que a Europa tem "mecanismos credíveis de estabilidade".

De acordo com Carlos Costa, tem que ser criada "uma entidade que faça o trabalho que a Fed [Reserva Federal] faz nos Estados Unidos e que o Banco de Inglaterra desempenha", porque o Banco Central Europeu (BCE), na sua opinião, "está muito isolado".

O objetivo é que, em alturas de crise, "quando os bancos estiverem em dificuldades não afetem o soberano [Estados] e vice-versa", explicou.

"Sou a favor da criação de uma câmara alta [na União Europeia], com o equilíbrio entre a dimensão geográfica e a dimensão nacional", concluiu.