BPN. Armando Pinto diz que vai recorrer da condenação do Banco de Portugal


O ex-administrador do Banco Português de Negócios (BPN) Armando Pinto afirmou hoje que desconhecia todas as práticas ilegais cometidas neste grupo e que vai recorrer da condenação de que foi alvo pelo Banco de Portugal. "Não vi" ou "não sabia" foram, segundo deputados contactados pela agência Lusa, as respostas mais frequentes dadas por Armando Pinto…


O ex-administrador do Banco Português de Negócios (BPN) Armando Pinto afirmou hoje que desconhecia todas as práticas ilegais cometidas neste grupo e que vai recorrer da condenação de que foi alvo pelo Banco de Portugal.

"Não vi" ou "não sabia" foram, segundo deputados contactados pela agência Lusa, as respostas mais frequentes dadas por Armando Pinto ao longo de cinco horas e meia de audição na comissão de inquérito parlamentar sobre a nacionalização e privatização do BPN.

Armando Pinto, que foi recentemente condenado num processo instaurado pelo Banco de Portugal, disse aos deputados que vai recorrer da decisão e manteve sempre a tese de que participou em reuniões da administração do BPN presidida por Oliveira e Costa, mas que desconhecia o Banco Insular, por onde passou parte substancial do "buraco financeiro" BPN.

Ao longo da extensa audição, Armando Pinto, apesar de ter exercido os mais variados cargos de responsabilidade no BPN desde a sua fundação, incluindo no período de nacionalização depois de 2008, garantiu também que nunca teve conhecimento sobre as irregularidades ou ilícitos criminais praticados no banco, antes de estes serem do domínio público, e que nada tinha a ver com a Sociedade Lusa de Negócios.

Armando Pinto, que assumiu funções de topo com Oliveira e Costa durante uma década (1998/2007), referiu que só teve conhecimento de ilegalidades no final de 2007, precisamente na mesma altura em que os casos de fraude financeira começaram a ser denunciados publicamente.

"O que Armando Pinto disse é que não sabia de nada e que nunca viu nada. Foi isto que afirmou aqui horas a fio", lamentou um dos deputados contactados pela agência Lusa.

Perante estas respostas, os deputados João Almeida (CDS-PP) e Honório Novo (PCP) confrontaram este ex-administrador do BPN com o facto de a acusação do Banco de Portugal assentar nos mesmos pressupostos das conclusões da primeira comissão de inquérito parlamentar (realizada na anterior legislatura).

Segundo ambas, Armando Pinto não reportou informação importante ao Banco de Portugal e há documentos que provam que o ex-administrador tinha na realidade conhecimento sobre a existência do Banco Insular.

Na comissão de inquérito, Honório Novo também interrogou Armando Pinto sobre os cargos que exerceu no universo BPN e chegou então à conclusão de que assumiu lugares de responsabilidade em pelo menos 19 empresas do grupo.

"Se Oliveira e Costa era o patrão do BPN e da Sociedade Lusa de Negócios, quem nomeia uma pessoa para lugares de responsabilidade em pelo menos 19 empresas do grupo só pode ter nela extrema confiança", comentou o deputado do PCP.